A pequena e a grande mentiras

Há pessoas (aparentemente) obcecadas  pela verdade; ainda que seja do tipo que, na sua vida pessoal, se valha, muitas vezes, da mentira,  pelos mais diversos motivos.

Essa afirmação faço apenas a guisa de introdução – para instigar, provocar mesmo  – , em face do tema que vou abordar a seguir.

Eu, cá do meu canto, fico perscrutando se vale a pena dizer- e saber – , sempre,  a verdade; se não é preferível ouvir uma mentira, aqui e acolá, circunstancialmente; que não sejam, claro, mentiras como as protagonizadas pelo Grande Irmão, como na ficção de George Orwell.

Não! Não é isso!

O que cogito é saber se a mentira banal, a mentira sem importância, que não prejudique, que não cause danos à honra e ao patrimônio das pessoas pode ser contada, aqui e acolá, porque, afinal, falar sempre a verdade, não dar vazão ao, digamos,  mentiroso que há dentro de cada um de nós, pode não ser  o mais aconselhável nas nossas relações.

É que, desde a minha compreensão, nem sempre as pessoas estão preparadas para uma verdade. É por isso que, algumas vezes, é preferível a mentira. Mentiras, nessas circunstâncias, não são mais que pecados venais.

Compreendo, sim, que, nas nossas relações, há momentos, há ocasiões que se deve, pelas circunstâncias, mentir ou, se for preferível, ocultar a verdade.

Eu conta as minhas mentiras. Já me vi, muitas vezes, compelido a mentir; às vezes, para não magoar, para não fazer sofrer.

Você, certamente, também já contou a sua.

A verdade é que todos nós mentimos, dependendo das circunstâncias.

O que não se deve é levar a mentira às últimas consequências. Não se deve mentir para tirar proveito, para ludibriar, para derrubar um colega, para destruir a reputação de um congênere.

O grave, entrementes, é que, dentre nós, há, sim, os que mentem por prazer, para menoscabar, embaciar, desmerecer, empanar, obscurecer o brilho do colega.

Conheço pessoas que chegam ao orgasmos contando uma lorota, mentindo sobre um colega, criando histórias mirabolantes, objetivando colocar mal perante as pessoas aquele que ele elege como desafeto, em face, exclusivamente, de sua mente doentia.

Aliás, ouso dizer, que o loroteiro adora uma plateia. E, com plateia, ele se esbalda. Mente pelos cotovelos. Mentindo, ataca a honra das pessoas, sem nenhuma cerimônia, sem nenhum escrúpulo. O grave é que não tem medo de nada. Pensa que o poder a tudo favorece, a tudo encobre.

Eu já fui vítima desse tipo.  Eu mesmo já testemunhei, sem nenhum prazer, a atuação desse tipo peçonhento em detrimento de outras pessoas.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Um comentário em “A pequena e a grande mentiras”

  1. Eminente Magistrado, faço do seu blog minha leitura diária, não fique sem publicar suas cronicas – em geral-, e artigos inerentes a atualidade jurídica, pois, estarei sem alimentar minhar almã, sem ter como decidir, sem agir sobreamente.

    Não estou aqui, masageando seu ego, mas sim, pedindo apoio cultural e moral.

    Atentamente.
    Domingos Júnior.

    Ah, sucesso neste novo ano que brilha em nossas vidas.

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