O político brasileiro, via de regra, não admite, publicamente, a existência de corrupção, mesmo porque sabem – pelo menos os mais hábeis – que é preciso pôr a mão no freio, pois o inimigo (ou denunciado) de hoje pode ser o amigo de amanhã; tudo depende da ocasião. Por isso, preferem fazer vistas grossas, fingir que não viram, para deixar margens para negociação, já que uma acusação pode fechar as portas do “entendimento”.
Em face dessa constatação, confesso que me surpreendeu a fala do governador de São Paulo, aos chefes da Corregedoria e do Ministério Público de São Paulo.
O governador disse, em tom de desabafo, que ” o povo sabe de um décimo do que se passa contra ele próprio”. E completou: “se não, ia faltar guilhotina para a Bastilha, para cortar a cabeça de tanta gente que explora esse sofrido povo brasileiro”.
O governador disse, finalmente, que o grandes casos de corrupção foram descobertos por acidente. O controle, para ele, “é zero”.
Mas o governador foi além: “O sujeito fica rico, bilionário, com fazendo, indústria, patrimônio e não acontece nada. E o coitado do honesto é execrado. É desolador”.
Atenção: essas palavras veementes foram ditas ao Ministério Público de São Paulo.
Tire você a conclusão.