Todos já sabemos que o ex-jogador de basquete Oscar Schmidt, o “mão santa”, está com câncer no cérebro. Até aí, é apenas mais um caso de câncer a atormentar a vida de uma celebridade, como, afinal, atormenta a vida de qualquer anônimo, que, diferente do famoso, sofre a sua dor em família – quando tem família, claro.
Mas o que difere a situação de Oscar Schmidt e de um tio meu recentemente falecido dos outros viventes é a reação deles diante do infortúnio. Com efeito, depois da cirurgia para retirada do câncer, Oscar disse estar “ótimo”. E foi adiante:”Espero que o tratamento resolva, mas, se não resolver, paciência. Eu tive uma vida muito boa”.
Ainda recentemente, conversando com um tio que sucumbiu diante de uma leucemia, ele me disse, em particular, que não tinha o que reclamar, pois, nos mais de sessenta anos de vida, tinha vivido intensamente, e sempre com muita saúde. Ele tinha fé, claro, de se recuperar, mas não se autoflagelou diante da possibilidade de não alcançar êxito no tratamento; permaneceu otimista até o último momento. Foi e deixou, além da saudade, essa lição de vida.
Meu tio, como dito acima, já não está entre nós, mas a sua lição e a de Oscar deve ser assimilada pelo o que ela contém de dignidade e resignação.
Se todos fôssemos assim, sofreríamos menos.