Isonomia salarial?

Para os que insistem em justificar o aumento dos salários dos congressistas em face do que recebem  os ministros do Supremo Tribunal Federal,  publico, a seguir, excerto do artigo de autoria do economista  Roberto Macedo ( Congresso – ‘salários’ como num assalto), da edição de hoje do Estadão,  que resume bem a diferença entre as duas atividades.

“[…]Ora, o trabalho dos parlamentares não tem as mesmas responsabilidades e os mesmos requisitos de qualificação e de carreira dos ministros do STF, nem o mesmo regime de dedicação exclusiva, que também alcança o presidente da República e seus ministros. Parlamentares costumam manter outras ocupações, num espectro que varia de trabalhadores sindicalistas a empresários empregadores, passando por agropecuaristas, profissionais liberais e outras, e não há nem acompanhamento nem fiscalização do tempo que gastam e do que ganham nessas atividades, direta ou indiretamente. Aliás, pesquisa recente do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) mostrou que empresários representam 47,9% dos deputados federais e 33,3% dos senadores da nova legislatura[…]”.

Imolação e revolução

As revoluções no mundo árabe começaram com uma ação pessoal, aparentemente sem maiores conseqüências. Em 17 de dezembro, na cidade tunisiana de Sidi Bouzid, o vendedor de rua Mohamed Bouazizi imolou-se em fogo para protestar contra o confisco de seu carrinho de vegetais. O martírio de Bouazizi deflagrou um levante popular que, quase um mês depois,  provocou a queda do ditador Zine Bem Ali.

Novo ministro – trajetória profissional invejável

O carioca Luiz Fux, de 57 anos, será o segundo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que fez carreira de juiz e o primeiro de origem judaica na Corte. Formado bacharel em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) em 1976, Fux destacou-se por sempre ter obtido a primeira colocação em concursos dos quais participou.

Processo. Antes de ser aprovado, Luiz Fux ainda terá de passar por sabatina no Senado

Fux trabalhou como advogado da Shell do Brasil até 1978, de onde saiu ao ingressar no Ministério Público. Foi uma carreira curta. Em 1982, novamente em primeiro lugar, ingressou na magistratura. Sua ascensão foi rápida e, em 1997, era desembargador. Em 2001, virou ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Filho de um imigrante romeno fugido da perseguição nazista, Fux começou a trabalhar aos 14 anos, como office-boy no escritório do pai, o contador Mendel Wolf Fux. Além do Direito, o ministro tem paixão pelo esporte: é faixa-preta de jiu-jítsu. Na juventude, também foi guitarrista de rock.

Em maio de 2003, Fux foi vítima da violência urbana. Rendido por bandidos no prédio onde reside, em Copacabana, foi mantido refém e levou coronhadas. Desde então, reduziu as saídas com os alunos da universidade, embora mantenha vida social.

Processualista famoso, seguiu dando aulas na Uerj após ser nomeado para o STJ em Brasília. Fux comandou recentemente o grupo que preparou o projeto de reforma do Código Civil.

Em 2009, reportagem da revista IstoÉ noticiou que a filha de Fux teria se beneficiado de um sistema que garantia a ministros do STJ e familiares tratamento vip no aeroporto. Na ocasião, ele disse que não pediu tratamento privilegiado à filha. Isso seria uma ação que um representante do STJ no Rio costumava adotar.

Embora não seja conservador, o ministro está longe de ser um liberal, segundo colegas. Foi contrário, por exemplo, às penas alternativas para traficantes.

Uma flagrante injustiça

No voto que publico a seguir há questões que valem a pena ser analisadas. Para que se tenha uma idéia da gravidade do que constatei no processo, antecipo alguns excertos da decisão, verbis:

“[…]Portanto, lamentavelmente, verifico que o princípio constitucional da razoável duração dos processos[1] não foi observado a contento, posto que a tramitação do presente recurso ultrapassou o lapso temporal compreendido desde a expedição da guia de recolhimento provisório (fls. 112), em 07 de abril de 2006, até a presente data, culminando com a extinção da pena, pelo seu cumprimento integral, sem o julgamento da apelação.

Observo, ainda, que, através da missiva de fls. 160, foi requisitada a devolução dos presentes autos para esta Corte, que se encontravam na instância a quo, desde maio de 2007, para cumprir a determinação contida no despacho de fls. 132 (baixa dos autos, para a intimação do réu e seu defensor da sentença condenatória). Ficou consignado no referido ofício a seguinte informação: “(…) haja vista a demora no retorno dos autos para este Tribunal (…)”.

A excessiva demora na tramitação de processos, talvez um problema ainda endêmico no Poder Judiciário (à despeito dos louváveis esforços na tentativa de erradicá-lo), acaba por estigmatizar a instituição como morosa, lenta e burocrática, gerando no jurisdicionado um sentimento de descrédito em relação à Justiça.

Vislumbrando, em tese, eventual provimento recursal no caso sob testilha, avultaria uma flagrante injustiça para com o apelante, posto que foi violentado em seu direito de ir e vir, compelido à cumprir integralmente a resposta penal, de forma absolutamente desnecessária[…]”.


Acho que, por tudo isso e muito mais, vale a pena ler o voto por inteiro, o qual publico a seguir.

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Curtíssimas

+A pleno vapor.As instituições democráticas  cumprem a sua rotina dentro da normalidade. O Poder Judiciário reiniciou os seus trabalhos e o Congresso Nacional iniciou a 54º legislatura. Que bom!  Democracia é isso! Mas democracia  plena, a meu sentir, somente quando a punição dos corruptos deixar de ser uma quimera.

+Escândalo. Dos 513 deputados federais, pelo menos 59  respondem a processo por crimes relacionados à administração pública.

+Nossos vizinhos da América do Sul. A OMS recomenda que a relação homicídios/população não ultrapasse 8 por 100 mil, e considera epidêmicos índices acima de dez por 100 mil. Buenos Aires mantém uma relação de 5,8 mortes por grupo de cem mil habitantes, em no Chile ( em todo Chile) chegou-se a 1,8 em 2008.

+De uma leitora de o Globo: “Enquanto o mundo globalizado assiste ao momento pela democracia nos países árabes, que querem melhora  de vida e o fim da corrupção, aqui somos obrigados a assisitir a Popó, Romário e mais 200 novos deputados federais chegando a Brasília sem saber o que faz um deputado, e pior, indagando três  coisas: quando ganha um deputado, quantos anos precisam  para se aposentar e quando começam a receber seus apartamentos funcionais e vantagens. A foto do deputado Romário diz tudo: mal entrou no ônibus  e  já sentou na janela , literalmente dormindo. Que continuem a dormir. Quando o povo acordar do pesadelo das tragédias, da falta de hospitais, dos baixos salários e aposentadorias, etc., não vai sobrar pedra sobre pedra.” Júlio Caldas Alves de Brito, Petrópolis, RJ

+A lição que vem do Egito:  Quando o povo quer, não tem pra ninguém.

+Acreditas? Do deputado  Arnaldo Melo, eleito presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Maranhão: ” Vamos comandar  com a capacidade de dizer não quando tiver de dizer; e sim quando for possível.  O mais importante é que seja respeitada a vontade deste plenário”.

+Ministro e violência. O Ministro Luiz Fux, provável indicado pela presidente para compor o STF,  foi assaltado em 2003, em seu apartamento em Copacabana. Ele e os filhos foram agredidos pelos assaltantes. O ministro, na ocasião, chegou a ser internado no hospital Copa D’or, em estado grave.

+Ministro Gilmar Mendes. Defende que a palavra final acerca da extradição de Battisti é do STF.  Sobre a questão, disse: “Eu destaquei (em 2009) que não fazia sentido o tribunal se pronunciar, uma corte com a elevação do STF, para produzir uma sentença lítero-poética-recreativa. Um tribunal desses  tem que decidir com efeito vinculante. Continua a ser a minha posição, mas não foi a posição majoritária”

Sobre Luiz Fux

O  perfil de Luiz Fux, indicado pela presidente Dilma, para o Supremo Triunal Federal: nasceu no dia 26 de abril de 1953, em uma comunidade judaica do Rio de Janeiro. Seu pai era romeno e seus avós, judeus, vieram para o Brasil fugidos da perseguição nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Na juventude, tocou guitarra em uma banda da faculdade e tornou-se faixa preta em Jiu-Jitsu. Formou-se em Direito na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), em 1976. Em 1995, passou em primeiro lugar no concurso para ser professor de Processo Civil no curso de Direito da mesma entidade.

O exemplo do Piauí

A OMS considera que o  índice acima de dez homicídios por cem mil habitantes  como violência epidêmica. A meta do programa federal de segurança é de 12 por cem mil.  No ano passado, a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp)  constatou que apenas o Piauí atingiu a meta. O estado contabilizou a taxa de 11 assassinatos por cem mil habitantes.