Carro oficial

Poucos dias depois de promovido, fui ao gabinete de vários colegas de primeira instância, no Forum do Calhau. Na oportunidade fiz ver a eles que, ainda que oficiosamente, o carro destinado ao meu gabinete ficaria à disposição de todos eles para quaisquer diligências reputadas urgentes. Não conversei com todos, pois nem todos encontrei, vez que fui muito cedo ao Forum. Os que conversei – Guanaré, Maria da Conceição, Ana Célia e outros – , entrementes, podem, se lhes invocar o testemunho, confirmar o que estou dizendo.

Amanhã, vou procurar me informar se essa minha intenção não conflita com as deliberações do CNJ. Se não houver conflito, está mantida a minha decisão.

Claro que isso não quer dizer que o veículo não será utilizado a serviço do meu gabinete, pois ele é mais que necessário. O que prometo em relação ao uso a serviço do meu gabinete, é que excesso não haverá, como, de resto, ao que sei, nenhum colega desembargador está abusando do uso do veículo oficial. Nesse sentido, o que vi no Tribunal, até hoje, é muita austeridade. É possível, sim, que haja os que se excedam. Mas isso não é a regra, ao que vejo e estou informado.

Tribunais de todo o país terão que criar ouvidorias

Os tribunais de todo o país terão que criar ouvidorias internas para atender às consultas, reclamações e propostas dos cidadãos comuns em relação ao Judiciário. A medida está na resolução proposta pelo conselheiro e ouvidor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), José Adonis Callou, aprovada por unanimidade na sessão plenária desta quarta-feira (24/02). Além de determinar a implantação do canal de comunicação com a sociedade nos tribunais, a resolução também especifica as atribuições da ouvidoria do CNJ. “A ouvidoria oferece respostas e esclarecimentos aos cidadãos. É um importante canal de comunicação da população com o Poder Judiciário”, destacou o conselheiro.

Li no blog do Walter Rodrigues

Zé Luiz só fica se houver justiça

José Luiz Almeida tomou posse na manhã desta segunda-feira no cargo de desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão com um discurso forte e seguro, que infelizmente não pude ouvir, mas cuja íntegra ele haverá de divulgar no seu blogue. Nele, chegou a declarar que só ficará no cargo enquanto achar que pode ser útil à justiça e ao interesse público.
Polêmico, ele chega ao desembargo por antiguidade, na vaga aberta pela aposentadoria de Mário Lima Reis. Anos atrás, quando tentou pela terceira vez a ascenção por merecimento, foi suplantado por Nelma Sarney, casada com um meio irmão do ex-presidente José Sarney, que concorria pela segunda vez.
No seu blogue, em entrevistas e noutras manifestações, Zé Luiz destaca-se como um dos campões na luta contra a inoperância, o facciosismo e a corrupção no Judiciário. Seu discurso de posse o confirma.
Lutar e servir
O que se segue é extraído do noticiário distribuído pela Assessoria de Comunicação do
TJ.
O novo desembargador avisou que sua permanência na corte dependerá do que for possível realizar. Ou seja, ele admite até renunciar se e quando se sentir tolhido no seu desejo de oferecer justiça à comunidade.
Para ficar mais à vontade, desde logo abdicou do direito de disputar qualquer cargo de direção ? presidente, vice-presidente ou corregedor-geral: “O exercício da judicatura, agora em segunda instância, tem para mim um único objetivo, qual seja o de continuar servindo à comunidade, como afinal deve ser, de resto, o objetivo de todos os homens públicos”, acentuou.
Declarou que chega “para somar”, mas deixando claro que não cederá ao corporativismo malsão, preferindo, em vez disso, lutar pela regeneração do Judiciário: “Temos que agir, temos que reagir, que enfrentar as nossas conhecidas mazelas, que enfrentar a inércia, que reconhecer os nossos erros, que expurgar nossos pecados, que expungir dos nossos quadros os que comprometem a imagem da instituição”.
Compromisso
No
blogue de José Luiz há um compromisso ainda mais enfático. Ali ele promete, referindo-se às manifestações de apreço e confiança que tem recebido:
“Não vou decepcioná-las. Não posso decepcioná-las. Não vou usar o poder para vantagens indevidas. Não vou usar o poder para servir aos amigos. Vou tentar fazer tudo que tenho dito nos diversos artigos e crônicas que tenho escrito. Sei que se não houver compromisso e empenho da maioria dos membros do Tribunal de Justiça, quase nada vou poder concretizar. Todavia, ainda assim, vou tentar. E vou prestar contas neste blog. É compromisso assumido.”

Fonte: http://www.walter-rodrigues.jor.br/

Entrevista publicada no sítio da AMMA

"É preciso austeridade no trato com a coisa pública"
23/02/2010 12h18

O desembargador José Luís Almeida chega à Corte do Tribunal de Justiça com a mesma determinação, seriedade e dedicação que imprimiu durante os 24 anos de exercício no  primeiro grau da magistratura maranhense. Na solenidade de posse, nesta segunda-feira (22), o novo desembargador fez um discurso forte, corajoso, marcado pela emoção de quem acredita no avanço do Poder Judiciário. Em entrevista à assessoria de Imprensa da AMMA, José Luiz revela as suas expectativas frente ao novo desafio.      
Após 24 anos atuando na magistratura do 1º grau, o senhor acaba de ser empossado membro do Tribunal de Justiça do Maranhão. Qual será a sua linha de atuação nesta nova instância do Judiciário?

José Luiz Almeida –  A minha linha de atuação será a mesma: tempo integral de dedicação. No segundo grau eu não posso ser diferente do que fui na primeira instância, sob pena de não preservar a minha história.

No seu discurso o senhor se refere a um determinado momento da sua carreira profissional, quando foi preterido em promoção para o Tribunal e dos prejuízos que a postura da Corte, naquele momento, lhe causou. Como se sente, agora, assumindo a vaga de desembargador no mesmo Tribunal que o rejeitou?

José Luiz – O Tribunal de Justiça do Maranhão, é verdade, deu a mim tratamento diferenciado. Só eu, nas mesmas condições, deixei de ser promovido. Os prejuízos a mim infligidos foram, sobretudo, psicológicos. Mas não sucumbi, agüentei em pé. Agora, superada, finalmente, essa página triste da história do Poder Judiciário, é deixar que a história nos julgue – a mim, que fui preterido injustificadamente, e ao Tribunal de Justiça, que, para a mesma situação, decidiu de duas maneiras diametralmente opostas.

Em determinado trecho do seu discurso, o senhor se reporta ao Judiciário do Maranhão como um Poder que ainda precisa passar por muitas transformações até chegar ao nível de excelência que a sociedade tanta anseia. Basicamente, quais as mudanças mais urgentes?

José Luiz – Acho que a grande transformação pela qual deve passar o Judiciário do Maranhão começa pelo concurso de ingresso e pelo estágio probatório. Depois disso, é cobrar a permanência dos juizes nas comarcas e exigir de cada um produtividade mínima. Se essas quatro medidas foram implementadas, efetivamente, a transformação do Poder Judiciário do Maranhão virá por consequência.

Como o senhor avalia as ações que estão sendo implementadas pelo CNJ, voltadas a adequação dos Tribunais brasileiros, tais como a restrição ao uso de carros oficiais, diminuição do número de assessores, fim dos policiais à disposição dos desembargadores e outras?

José Luíz – As medidas implementadas pelo CNJ em relação ao Poder Judiciário do Maranhão são benfazejas. É preciso mesmo acabar com algumas mordomias -  circunscritas ao segundo grau, registre-se – que são mais que fora de moda. É preciso austeridade no trato com a coisa pública.

Em trechos do seu discurso o senhor também tece críticas ao Judiciário do Maranhão. O senhor acredita no avanço a partir das modernos conceitos que estão sendo inseridos no seio da magistratura brasileira?

José Luiz – O Poder Judiciário do Maranhão não é diferente do Judiciário das outras unidades da Federação. A minha crítica, pois, não se dirigiu especificamente ao Poder Judiciário do Maranhão, mas ao Poder Judiciário como um todo, que precisa, sim, de sérias e urgentes transformações para melhor atender a demanda social.

Na sua avaliação, o que a sociedade brasileira espera de um juiz e de um desembargador?

José Luiz – A sociedade espera do juiz sobretudo retidão e trabalho, pois de nada adiante ser reto e não produzir, como não adiante produzir e não ter conduta ilibada.

A exemplo do surgimento do CNJ, o avanço do associativismo no seio damagistratura também tem contribuído neste processo de transformação doJudiciário. Como o senhor avalia a atuação da AMB e da AMMA?

José Luiz – Essas duas confrarias têm se destacado nas ações que desenvolvem em favor do Poder Judiciário. Acho, todavia, que as questões institucionais devem ser priorizadas, sem que se olvide, claro, das questões que envolvam interesses dos membros das corporações.

Clique aqui para ler o discurso no blog do desembargador José Luiz Almeida

Li no blog O Parquet

As tripas

(Foto: sítio do TJMA)

A crítica aos outros é, quase sempre, aceitável; às vezes, aplaudida. A autocrítica é amaldiçoada. A boca que a proferir deve conhecer a estigmatização, o ranger de dentes. De hoje, não; assim, desde antanho. Para nossas instituições, falar das outras é ousadia, falar da sua é covardia. Muitas até suportam a autocrítica, desde que seja na forma de fuxico, ti-ti-ti, diz-que-me-disse, sem rosto, sem autoria, sem personalidade.

José Luiz Oliveira de Almeida tomou posse no cargo de desembargador do TJMA (22/02). Como qualquer vivente, tem afetos e desafetos. Uns e outros por conta do exercício que faz daautocrítica. Não presumo, tenho certeza que não é perfeito, e que sabe disso. Mas tem sido um profissional exemplar. Que seus olhos e ouvidos, no Tribunal, auscultem além do seu gabinete, para, se for o caso, revelar à sociedade as tripas. Boa sorte!

Limpeza ética

Depois do discurso de posse todos dizem que vão me isolar dentro do Tribunal de Justiça do Maranhão.

Confesso que, diante dessas afirmações, fico estupefato.

Como me isolar, se tudo o que eu disse é do conhecimento público? Como e por que me isolar, se apenas constatei um fato, ou seja, que vivemos uma crise moral sem precedentes, cujo exemplo maior foi, recentemente, a aposentadoria compulsória de vários juízes e desembargadores no Espírito Santo? Por que a mágoa comigo, se, quando critiquei a baixa produtividade dos juízes do Maranhão, apenas reafirmei o que todos sabem? Por que ódio, se tudo que quero é que o Poder Judiciário seja respeitado o que, de rigor, é a aspiração de todos? Por que o dissabor, por que a indignação, se o correto é punir, sim, os que desviam a conduta?

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