Fragmentos do meu pensamento

“[…]Tenho procurado, sempre, um ponto de equilíbrio. Como um pêndulo, às vezes oscilo, hesito, vou lá, venho cá. Sou assim mesmo: igualzinho a todo mundo, igualzinho a todos vocês, sem tirar nem por. Mas nunca perco a noção do tempo e do espaço. Sei controlar as minhas emoções – paro, penso, reflito, conto até cem, para, só depois, agir – determinado, obstinado, sôfrego, ávido – igualzinho a muitos dos senhores.
Sou, muitas vezes, desabrido, imoderado, insolente. Nada, no entanto, que ultrapasse os limites do razoável. Mas, afinal, todos somos assim. Eu não sou diferente de ninguém.
Sei, inobstante, ponderar e decidir com sensatez. Sou, às vezes, inclemente. Mas, afinal, intolerante, muitas vezes, todos o somos, dependendo das circunstâncias. Nós nos revelamos de acordo com as circunstâncias, convém sublinhar.
Sei até onde posso ir, importa reafirmar. A minha vereda está aberta, e foi aberta por mim, a partir das minhas convicções, dos meus ideais, da minha tenacidade, sem atropelar ninguém, sem maldade, sem rancor e sem ódio.
Nada temo na defesa dos meus pontos de vista. Sigo em frente, vou adiante, ao ritmo da balada que escolhi para dar vazão aos meus sentimentos e as minhas mais empedernidas convicções.
A minha mente, a minha condição de ser racional me mantém sob controle, como, afinal, controla a todos nós – uns mais, outros menos.
Nas minhas relações pessoais, sei sopesar, ouvir os dois lados, decidir com sensatez e equilíbrio, respeitar as diferenças. Sei, sim, da importância de respeitar as diferenças. Faz bem às relações respeitar o espaço do semelhante. E isso eu sei fazer.
Malgrado todas as minhas limitações, todas as minhas fraquezas, ainda sou capaz de não ir além, de discernir e direcionar os meus passos, de escolher a via mais segura – ou a que suponho ser a mais segura.
Mas que ninguém se iluda: persevero, finco pé, não arredo das minhas convicções, não me afasto dos meus ideais – que, afinal, todos sabem quais são, a partir do que leem no meu blog e em face das minhas crônicas publicadas na imprensa local[…]”

Os fragmentos acima são da crônica Autorretrato e do meu discurso de posse, da minha autoria, publicada neste blog e no Jornal Pequeno

(Re)visitando a história

Quando dom João e família aportaram no  Rio de Janeiro, em 1808, depois de 99 dias de viagem, uma das atrações da cidade era a pesca de baleia. Na época, dezenas de barcos, agindo coordenadamente, as cercavam, para que o arpoador, em pé, na proa de cada barco, lançasse o ferro pontiagudo.  Poucos se compadeciam dos animais, em especial quando arpoados jorravam sangue e lutavam pela vida. Em face da ação do arpoador é que uma das extremidades de Copacabana é chamada de Arpoador.

Fragmentos do meu pensamento

“[…]Ao magistrado não basta ser. É preciso, repito, parecer honesto. A meu aviso, não parece pundonoroso o magistrado que ostenta vida social além de suas poses.
Não parece decoroso o magistrado que ostenta padrão de vida superior ao que lhe podem proporcionar os seus ganhos mensais.
Não parece honrado quem, tendo assumido o cargo pobre, exibi patrimônio incompatível com a sua renda mensal, sem ter como explicar a origem de sua fortuna[…]”

(Excertos da crônica “A necessidade de ser e parecer correto”, publicada neste blog)

Síntese da linha argumentativa

Desde que assumi a segunda instância que tenho levada a plenário apenas o que nominei de síntese argumentativa dos meus votos. No início eu até distribuía o resumo aos meus pares. Não senti nenhuma receptividade e, por isso, deixei de fazê-lo. Passei a,  tão somente, expor a síntese do meu pensamento, por entender que ninguém suportava a leitura de longos votos, além do que, de rigor, os que se predispunham a ouvir, por óbvias razões, tendiam a perder a linha de raciocínio.

A propósito, leio, agora, na Folha de São Paulo,  na coluna Painel, a seguinte matéria, na coluna painel, sobre o ministro Luiz Fux.

Estilo 1 Recém-indicado para uma Corte com tradição de longas leituras de votos, o novo ministro do STF, Luiz Fux, sustenta em sua autobioografia publicada no site da UERJ, onde estudou, que nunca leu um voto em sessão.

Estilo 2 Partidário da “simplificação do direito”, Fux diz: Não leio os meus votos. Explico qual a ideia que tenho no caso e, eventualmente,  só para fechar o raciocínio, leio a síntese do voto. Essa metodologia de ficar lendo, ninguém presta atenção, ninguém aguenta”.

Vejo, agora, que estou em boa companhia. Os que discordaram da minha maneira de votar, certamente a verão, doravante, com bons olhos.

Em nome da legalidade revolucionária

Para que não nos esqueçamos do que são capazes os ditadores – de esquerda ou de direita, não importa -,  no momento em que assistimos a derrocada das ditaduras em alguns países átabes, trago à colação uma passagem emblemática dos ensinamentos de Lênin.

O leninismo, todos sabemos,  manteve a população sob  seu jugo, de forma inclemente.  Nesse sentido, decretou Lênin:

“Homens e trapaceiros são os dois lados da mesma moeda, dois dos principais  elementos nutridos pelo capitalismo, dois dos principais inimigos do capitalismo.  Tais inimigos têm que ser mantidos sob observação especial por toda a população, e têm que ser tratados sem clemência pela menor transgressão das regras e das leis da sociedade socialista”

E como fazer esse controle? Lênin ensinou:

“Num determinado lugar, uma dúzia de homens ricos, uma dúzia de trapaceiros e meia dúzia de operários, que descuraram de seus deveres no trabalho, devem ser colocados numa prisão. Num outro lugar, eles devem ser postos para limpar as latrinas. Num terceiro,  devem receber um cartão amarelo depois de cumprido o seu tempo de prisão, de modo que a população mantenha  sobre tais indivíduos nocivos um olhar vigilante até que melhorem seus procedimentos. Num quatro lugar, um em cada dez acusados de parasitismo deve ser executado na hora”

Essas propostas foram colocadas em prática  por um decreto de 14 de maio de 1921 do Politburo. Tudo em nome da legalidade revolucionária.

Fonte: Os Sete Chefes, de Dmitri Volkonov