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“[…]Não posso, noutro giro, deixar de indignar-me com os gastos que são feitos nos pleitos eleitorais. É uma afronta! Uma zombaria! Caçoada! Escárnio! Falta de pudor! Um desrespeito ao cidadão que paga impostos[…]”
José Luiz Oliveira de Almeida
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Eu nunca perdi a capacidade de me indignar diante de determinadas situações. Todavia, ainda assim, apesar de tudo que me causa estupor , ainda encontro tempo pra ser feliz, não obstante admita que , sobretudo nos dias atuais, com as informações batendo à nossa porta, não tem sido fácil.
As razões para indignar-me são várias, conquanto admita que muitas delas não afetam ao cidadão comum.
Mas eu tenho a capacidade de me indignar, e, até, de falar sobre coisas que me revoltam, como farei a seguir.
É impossível, por exemplo, deixar de indignar-me com o mal uso do dinheiro público, sobretudo nas prefeituras municipais.
O cidadão assume hoje os destinos de um município, para, amanhã, ostensivamente, esbanjar, sem o mais mínimo pudor, como se chamasse a todos nós de otários. E não é só ele. Muitos que estão no seu entorno também ostentam – de forma afrontosa, desrespeitosa, à vista de todos, sem o menor pudor -, cientes da impunidade.
Não posso, noutro giro, deixar de indignar-me com os gastos que são feitos nos pleitos eleitorais. É uma afronta! Uma zombaria! Caçoada! Escárnio! Falta de pudor! Um desrespeito ao cidadão que paga impostos!
O que vi nas últimas eleições – e todos viram, afinal – é de causar estupor, revolta, indignação.
Mas ninguém diz nada. Parece até que tem que ser assim mesmo, que está tudo bem, que não há meios de se coibir esses abusos.
Fico com a impressão, diante de tanta inércia, que estamos todos anestesiados , que somos insensíveis e que essas questões não nos afetam.
Na terça-feira passada, 23 do corrente, já por volta da meia-noite, eu assistia, mais uma vez indignado, ao programa Profissão Repórter, da Rede Globo, sobre atendimento de emergência nos hospitais públicos. Não suportei. Vi muito sofrimento. Sofri, também. Perdi o sono. Num determinado momento, tomado de indignação, desliguei a televisão. Se não o fizesse, decerto que não conciliaria o meu sono naquela noite. Me sentindo impotente diante de tamanho descaso, virei para o lado e tentei dormir. Mas, a todo instante, vinha na minha mente a dor das pessoas nos corredores dos hospitais, tratadas com a mais absoluta indiferença.
Eu não sei encarar com indiferença essas questões. Eu me entrego, me indigno, me revolto, tomo as dores dessas pessoas, conquanto entenda que nada posso fazer.
E o que fazem os nossos preclaros homens públicos diante de tanta dor, de tanta desdita e infortúnio? Nada! Absolutamente nada!
Não posso deixar de me indignar com essa situação, sobretudo porque sei – todos sabemos, afinal – por onde se esvai o dinheiro da saúde, por exemplo; o nosso dinheiro, enfim.
Pagar impostos e ver o meu dinheiro – e o seu, também – ser “torrado” numa campanha eleitoral, é revoltante.
Pagar impostos e testemunhar o enriquecimento ilícito de uns canalhas, definitivamente me faz soturno, sobretudo por saber que nada se faz para mudar esse quadro.
Pagar impostos e assisitir as atrocidades que vi nos corredores dos hospitais públicos, causa repulsa.
Diante desse verdadeiro descalabro, o mais grave é que ninguém diz nada. Ficamos todos calados, como se fosse a coisa mais natural do mundo o esbanjamento do dinheiro público, e a dor nas filas dos hospitais públicos.
O pior é que todos sabemos que o dinheiro usado nas campanhas não brota do chão, que ele sai dos impostos que nós pagamos e que quem financia uma campanha não o faz pelos belos olhos dos canditados.
O mais grave é que sabemos para onde vai o dinheiro da saúde, e, da mesma forma, permanecemos inertes, calados, como se fosse tudo fosse normal, como se não tivesse solução, como se fosse pra ser assim mesmo.
Eu passaria um dia relatando as coisas que me causam indignação. Não vou fazê-lo agora, entretanto, porque preciso dar uma pausa para voltar a ser feliz.