O Brasil condena o prefeito Eduardo Paes, do Rio de Janeiro, por ter reagido, com violência, às agressões verbais de um músico.
Entretanto, é sempre oportuno lembrar que o envolvimento de homens públicos em entreveros não é incomum. Mário Covas, todos lembram, em 2000, em S. Bernardo, furou a segurança e foi discutir com manifestantes. Em 1963, o senador Arnon de Mello, discursava na abertura da sessão, quando foi interrompido por um inimigo, Silvestre Péricles, que o chamou de crápula. Arnon reagiu à bala, atingindo, José Kairala, senador suplente pelo Acre, que nada tinha com a história. Em 2007 Gilberto Kassab bateu boca com estudantes durante a comemoração do aniversário de São Paulo. Orestes Quércia discutiu com o jornalista Rui Xavier, no programa de entrevistas Roda Viva, que fez um comentário sobre a rapidez do seu enriquecimento.
Como se vê, qualquer homem público pode sair da linha, dependendo do tipo de provocação. Advirto que, pelo menos no segundo grau, apesar das provocações, nunca saí e nem sairei da linha.
Assim pensando e agindo, aos que se envolveram em entreveros, seu eu pudesse aconselhar, diria: é preciso controle, muito controle. É preciso contar até 100, se preciso. É recomendável que, por pior que seja a provocação, que não saiamos da linha.
O homem público tem que ter domínio de si;o magistrado, principalmente.
Muitas vezes, como aconteceu comigo recentemente, tamanha foram as agressões verbais, que eu tive vontade de sair de mim. Todavia, me contive, embora um jornal tenha noticiado que eu bati-boca com um colega, quando, em verdade, me limitei a ouvir desaforos, em tributo às pessoas que acreditam em mim.
Mas me sufoca não reagir!
Quando me vejo agredido – essa não foi a primeira vez – tenho, até, vontade de desistir, de sair da ribalta, de tirar férias, licença e tudo o mais que limitasse a minha convivência às pessoas que sei que me amam.
Tenho muito vontade de saber por que desperto em algumas pessoas sentimentos tão negativos, tão desprezíveis, tão primitivos.
Sinto-me como se fosse um objeto a ser desprezado. Não pelos defeitos; quiçá pelas poucas virtudes que tenho.
Eu nunca disse e nem ajo como vestal. Mas há quem me lembra, desnecessariamente, que eu não sou vestal.
Por quê? Pra quê? Qual o objetivo?
Eu não sou o mais correto. Sei disso! Mas há que insista em me lembrar, publicamente, que eu não sou o mais correto. É como se retidão fosse um grave defeito.
E por que dizer para mim? Por que há quem sinta necessidade de me dizer isso? Para me ofender? Tentar me diminuir?
Por quê? Pra quê? Qual o objetivo?
Eu não sou o mais estudioso; sei disso. Mas há quem insista em me lembrar que não sou o mais estudioso. É como se o correto fosse ser medíocre, como se evolução intelectual fosse defeito.
Por que me dizem isso?
Confesso que estou cansando. Mas triste de quem pensa que vou refluir.
Eu nunca disse a ninguém que sou o mais honesto, mesmo porque não existe mais ou menos honesto. Mas, ainda assim, há quem procure me lembrar que eu não sou mais honesto que ninguém.
Por quê? Pra quê? Qual o objetivo?
Parece pura perseguição, vingança, ódio, mágoa, rancor…sei lá!
Mas por que tanta mágoa, tanto rancor, tanto sentimento de repulsa?
Confesso que não sei. Nunca saberei, afinal eu nunca vou conseguir mesmo entender o ser humano.
Às vezes tenho vontade de sair de mim.
Mas vou agir como tenho agido: não vou responder agressão com a agressão. Todavia, não é bom se iludir, pois não é covardia. É postura, equilíbrio, respeito pelo cidadão, sobretudo.
Aos que insistem em me agredir vou apenas relembrar que, como magistrado, temos que ter postura. Eu vou manter a minha postura.