Reforma do CPP

Nesta sábado, o Jornal Folha de São Paulo publica duas posições conflitantes acerca da reforma do Código de Processo Penal: de Luiz Flávio Borges D’ urso e Sérgio Fernando Moro.

Leia e, se possível, firme posição.

Ampliando o direito de defesa

LUIZ FLÁVIO BORGES D’URSO

TODAS AS propostas que visem aprimorar a tramitação dos processos judiciais, sem violar as garantias e direitos constitucionais, são sempre muito bem-vindas, a exemplo de grande parte das mudanças propostas para a reforma do Código de Processo Penal.
Fica a cada dia mais difícil assegurar os direitos constitucionais da presunção de inocência, da ampla defesa e do contraditório na fase de investigação e julgamento, pois vem se consolidando uma cultura de excessos e certezas no exercício da jurisdição.
Certamente o rito processual pode ser abreviado para termos resultados mais produtivos. Por exemplo, quando o magistrado se deparar com provas convincentes da inocência do réu, poderia decidir sumariamente, a qualquer tempo, sem precisar ir até o final do processo.

Leia mais aqui
Um projeto na contramão

SERGIO FERNANDO MORO

TRAMITA NO Congresso projeto para um novo Código de Processo Penal. A iniciativa merece louvor, pois o código vigente, de 1941, precisa de atualizações. Espera-se, porém, que um novo código venha para aprimorar o sistema de Justiça criminal, tornando-o mais célere, mais eficiente e mais justo. Há dúvidas se esse é o caso do projeto.
Em primeiro lugar, o projeto aumentará a morosidade da Justiça. A causa principal da demora é o excesso de recursos, que faz com que um caso seja submetido a até quatro instâncias de julgamento. Seria de esperar, então, que qualquer reforma diminuísse o número de recursos.

Leia mais aqui

Decidido!

Tá decidido: para promoção por merecimento só receberá meu voto o juiz que morar na comarca. Tá cedido, também: não aceito que magistrado vá a meu gabinete pedir voto para promoção. Eu abomino essa prática! Quem desejar ser promovido só precisa trabalhar – e prolatar decisões de qualidade. A propósito, já pedi, publicamente, na sessão da última quarta-feira, que a Corregedoria me encaminhe pelo menos três decisões de mérito dos candidatos à promoção, com a antecedência necessária, para que eu possa aferir a qualidade do seu trabalho.

Portanto, para merecer o meu voto, o candidato à promoção deve:

I – morar na Comarca;

II – produzir muito; e

III – produzir com qualidade.

Se você se encaixa nesse perfil, não precisa me pedir nada. É só aguardar que o voto vem.

Prestando contas

Estou me articulando, com a minha equipe, para implantar um sistema de comunicação direta com os acusados (ou parentes) e com as vítimas(ou parentes) envolvidos nos processos sob a minha relatória. O meu objetivo é simples: mantê-los informados, seja por qual via for – telefone, fax, e-mail -acerca do andamento dos recursos. Depois de implantado esse sistema, as partes sempre saberão, sem sair de casa, a quantas anda o processo do seu interesse, sem que seja necessário sequer consultar o seu advogado ou defensor. Até da data provável do julgamento as partes serão informadas.

Espero, sinceramente, que eu consiga implantar essa prática. Desse dia em diante, nenhum interessado poderá dizer que não sabe que fim levou o seu processo. Se, por hipótese, estiverem os autos em poder do advogado ou do Ministério Público, além das providências que adotarei para que sejam devolvidos, as partes serão informadas dessa particularidade, se, claro, a demora for relevante, de modo a prejudicar a celeridade que pretendo imprimir. Os réus que estiverem presos, por exemplo, serão informados, no local onde se encontram, acerca, por exemplo, do julgamento do habeas corpus impetrado.
Vamos ver se dá certo! No que depender de mim as pessoas não mais precisarão andar pelos labirintos do Tribunal para saber a quantas andam os processos do seu interesse.

Li no sitio da Corregedoria-Geral de Justiça

Corregedoria adotará melhorias em perfil de juízes
Uma das novidades será o controle de residência de juízes

O corregedor-geral da Justiça, desembargador Antonio Guerreiro Júnior, informou que a Corregedoria vai adotar o controle de residência dos juízes nas comarcas para efeito de promoções futuras no 1º grau.

A medida reforça exigência quanto a presença e moradia do juiz na comarca em que trabalha e coincide com proposta do desembargador José Luiz Oliveira de Almeida, apresentada ao corregedor na sessão plenária do TJMA desta quarta-feira, 17.

Em sua estréia no Pleno, José Luiz disse querer contribuir para aperfeiçoar a estrutura de detalhamento da vida funcional de juízes indicados para promoção, e sugeriu que os desembargadores recebam e analisem previamente sentenças dos concorrentes.

A Corregedoria Geral da Justiça é responsável pelo processo de promoção – documento que reúne histórico funcional do juiz e serve de referência a promoções aprovadas pelo Pleno, pelos critérios merecimento e antiguidade.

O documento, entre outros itens, enfatiza a produtividade do magistrado, informa sua posição na lista para promoção e vezes em que foi indicado para posição superior na magistratura.

“Nossa intenção é tornar o processo mais dinâmico”, observa Guerreiro Júnior.

No pleno do Tribunal de Justiça

Participei hoje, pela primeira vez, de uma sessão do Tribunal de Justiça. Fui muito bem recebido pelos meus pares. Deles não vi qualquer manifestação que não fosse de atenção e respeito por mim. Espero, sinceramente, que continuemos cultivando a cortesia. É tudo que quero, em benefício da nossa instituição.

Estou tentando ajustar a minha equipe de trabalho. A assessoria jurídica ainda não está produzindo como quero . Logo, logo, no entanto, acertaremos o passo. Só peço aos meus assessores que tenham comigo a mesma paciência que estou tendo com eles.

Reconheço que sou muito exigente e ainda não assimilei bem a idéia de delegar. Eu fico sempre com a sensação que não estou julgando.

Tudo é questão de tempo, no entanto.

Reflexões sobre a vida e a obra de um otário

Ele sempre foi para os seus pares um sujeito do tipo insuportável, contido, calado, às vezes anti-social. Cara amarrada, de trajes despojados, mas muito engomado, daqueles que até os fios de cabelos parecem ter sido rigorosamente arrumados. Ele era do tipo que gostava de chegar cedo ao trabalho, que não atrasava os compromissos, que honrava a hora marcada. Era, pode-se ver, um chato, do tipo intragável – pelo menos para aqueles que agiam e pensavam de forma diametralmente oposta.

Ele era do tipo que andava sempre apressado. Parecia que nunca tinha tempo para uma roda de bate-papo. Em face da sua pressa, quase sempre deixava de cumprimentar as pessoas que encontrava pelos corredores do local onde trabalhava. A cara sisuda e a testa quase sempre franzida faziam dele um ser quase impenetrável – e insuportável. Era do tipo que, à primeira vista, parecia arrogante e prepotente, sobretudo para quem não lhe conhecia e para os que viam na sua retidão uma afronta. Continue lendo “Reflexões sobre a vida e a obra de um otário”

Visita ilustre

Recebi no meu gabinete a visita mais do que ilustre de um compadre, cujo nome não vou citar porque se trata de um homem público que não me autorizou a divulgar a visita. De qualquer sorte, foi bom recebê-lo no meu gabinete. Tenho com ele uma ligação mais do que fraternal. Nos conhecemos em 1979 – portanto, há mais de trinta anos – , quando do meu casamento. De lá para cá só fizemos sedimentar essa relação benfazeja. Tenho muito orgulho de ser seu compadre e amigo.

Saudade

Não imaginei que as minhas reflexões sobre a saudade que tenho da 7ª Vara Criminal e a minha inquietação no juizo de segundo grau provocassem tantas manifestações de carinho e apreço. É um claro sinal de que, apesar de tudo, as pessoas ainda se importam com o semelhante. Quando a gente quer se desiludir, quando se quer pensar em desistir, surgem essas manifestações que nos jogam para cima e nos compelem a continuar a jornada. Nós vamos continuar o trabalho que começamos. As coisas tendem a melhorar. É natural que um ser reflexivo como eu se sinta deslocado diante de novos desafios. Mas, no momento, estou assim. Mas deixam que eu me arranjo com as minhas inquietações. Deixem que me arranjo comigo mesmo. Deixem que eu cá do meu canto tente superar as minhas fraquezas. Eu nunca sucumbi diante das intempéries. E não vai ser agora que vou capitular. De qualquer sorte, agradeço a todas as manifestações de carinho, especialmente dos meus funcionários e dos meus colegas de magistratura.