Falas irrelevantes?

Ministros editam gravações e apagam trechos de sessões do STF

Magistrados usam norma interna para tirar de registro oficial possível foco de constrangimento

Prática cancela falas irrelevantes como argumento jurídico, diz Supremo; supressão nem sempre é indicada

RUBENS VALENTE
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA

As provocações e bate-bocas entre ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) que marcam até aqui o julgamento do mensalão poderão desaparecer do registro histórico e oficial do processo.

Levantamento feito pela Folha revela que os ministros do Supremo usam uma norma interna pouco conhecida para apagar dos documentos oficiais frases ou mesmo diálogos inteiros ocorridos nos debates -parte deles, foco de constrangimento.

A sessão de todo julgamento do STF é gravada em áudio e vídeo pelo tribunal. Quando é encerrada, a gravação é transcrita em documento chamado de “inteiro teor de acórdão”. Cada ministro tem a prerrogativa de revisar sua parte antes da publicação.

Ao comparar registros, a Folha identificou pelo menos oito casos de “apagões”.

Na sessão de 2010 que discutiu a validade da Lei da Ficha Limpa, o ministro Dias Toffoli elogiou o desempenho eleitoral do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), cuja posse no cargo estava em debate. “O habeas corpus aqui foi dado pelo povo do Pará, que o elegeu [Jader] com 1 milhão e 400 mil votos [risos].”

No acórdão, a frase sumiu e foi substituída pela expressão “cancelado”.

Leia matéria completa no Jornal Folha de São Paulo

Capturada na Folha de São Paulo

ELIANE CANTANHÊDE

Jardim de infância

BRASÍLIA – Um apelo à presidente Dilma Rousseff: por favor, capriche na escolha dos próximos ministros do Supremo Tribunal Federal. Tem de agradar o PT e o PMDB, preencher a cota disso e daquilo? Põe no Turismo. Que tal na Pesca? Mas na corte suprema do país não dá.

O ex-presidente Cezar Peluso completa a idade limite em setembro e o atual, Carlos Ayres Britto, em novembro. O decano Celso de Mello arruma as malas para sair antes do tempo.

Dos experientes, vão sobrar dois: Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes. Ambos são tecnicamente muito respeitados, mas um é do contra e o outro dá a vida por uma polêmica. Pior: os dois se detestam e olham à volta como se estivessem ilhados. Até quando Gilmar Mendes e seu pavio curto vão resistir? Será que também vai pular fora, como Celso de Mello?

Numa hora, sussurra-se que o relator do mensalão, Joaquim Barbosa, não suporta mais a pressão e as dores na coluna. Noutra, o revisor, Ricardo Lewandowski, admite que se sente atropelado pelos colegas de toga e ameaça renunciar. Ora reclama que não foi consultado sobre o cronograma e o rito do julgamento. Ora que não combinaram a metodologia dos votos previamente com ele.

Se diante das câmeras de TV já está esse clima que se vê, pode-se supor como está nos bastidores. Nervos à flor da pele, cansaço, incômodo pelas longas horas de exposição pública e, afinal, o peso da responsabilidade diante do que se convencionou chamar de “o maior julgamento da história do Supremo” ou do “maior escândalo do governo Lula”.

É assim que o sujeito do tridente gosta. E é quando explodem as vaidades, as falhas humanas, as disputas internas de poder. Sem falar no mais grave: a falta de consistência.

Discordar é preciso, argumentar é fundamental, mas bater boca, fazer birra e rodar a toga parecem coisa de jardim de infância, não da mais alta corte do país decidindo sobre a reputação e o destino de 38 cidadãos.

elianec@uol.com.br

Passado,presente e futuro

Para e pense: teria  sentido o presente se não houvesse a perspectiva de futuro?

De minha parte compreendo que o presente só tem sentido diante – e em face –  do porvir.

Nada do que fazemos nos dias presentes teria  sentido  não fosse  a (quase ) certeza do futuro.

Plantamos hoje para  colher no futuro.

Planejamos as nossas vidas, as nossas ações em face do futuro.

Se o futuro se esvai em nossa mente, sem que acreditemos  que o que fazemos hoje repercutirá no futuro, então os dias presentes de nada valem.

Vivo, por isso, o presente, com os pés fincados no futuro, entrementes.

Triste daquele que vive o presente com a alma mergulhada (apenas)  no passado.

Há registros históricos dando conta de que Colombo se sentiu mais feliz quando estava prestes (futuro) a descobrir a América do que quando efetivamente a descobriu(passado).

Nos dias presentes vivo  em razão da que há de vir(futuro), com o que justifico a minha razão de existir (presente)

É inaceitável, para mim, que as minhas aflições, as minhas inquietações, as minhas angústias  nos dias presentes  sejam em vão, diante da perspectiva de um não vir.

Olho para frente e – que bom! –  ainda vejo o  horizonte . Por isso continuo, por isso sigo em frente: rompendo as amarras, enfrentando as intempéries, expungindo as dificuldades, pavimentando o caminho que me levará adiante, na certeza de que quando  do meu ponto de observação não for possível vislumbrar o  futuro,   a vida  tende a perder  o sentido.

“O animal satisfeito dorme”

Guimaraes Rosa dizia que “o animal satisfeito dorme”. Com isso queria dizer que  o homem, satisfeito, corre o risco da monotonia existencial.

A verdade é que o homem, satisfeito com a situação presente, tende a perder substância, a entrar numa fase de indigência mental muito perigosa.

Acho que estou passando por essa fase!

Creio que, pelo menos no que concerne à minha condição de magistrado, a sedução do repouso e a acomodação parecem me contaminar.

Olho em volta, estando no Tribunal de Justiça, e fico com as impressão de que já estou satisfeito, que posso me aposentar, que posso voltar pra casa e iniciar um novo projeto de vida.

Ontem mesmo, por ocasião da posse solene do colega Raimundo Barros, fiquei com meus botões, olhando para um e para outro colega, e me indagando: o que estou fazendo aqui? Por que não vou para minha casa? O que ainda é possível realizar, estando desembargador? Por que, diferente de muitos, não almejo ser presidente? Por que, se todos se empolgam com o poder, eu me sinto desconfortável exercendo-o? O que tanto fascina nesse cargo que não consegue me atingir?

Tudo isso pode ser confusão da minha mente.

É possível que, mais logo, eu volte ao meu estado, digamos,  normal, afinal, só mesmo não sendo normal para não se embevecer com algo que a todos fascina.

Notícias do STJ

SÚMULAS

Súmula firma entendimento sobre progressão de regime prisional

A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou nova súmula que veda a chamada “progressão por salto” no regime prisional, ou seja, a passagem direta do preso do regime fechado para o aberto sem passar pelo regime semiaberto. O texto da Súmula 491 diz: “É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.”

O novo resumo legal é baseado na interpretação do artigo 112 da Lei de Execuções Penais (LEP), que determina que o prisioneiro deve cumprir pelo menos um sexto da pena no regime original antes de poder passar para o próximo. Esse ponto foi destacado em um dos precedentes da súmula, o Habeas Corpus (HC) 191.223, relatado pelo ministro Gilson Dipp.

No caso, o juiz havia concedido progressão retroativa para o semiaberto, para logo em seguida conceder a ida para o aberto, sem efetiva passagem pelo regime intermediário. “Trata-se, efetivamente, de progressão per saltum”, concluiu o ministro.

Em outro precedente, o HC 175.477, relatado pelo ministro Og Fernandes, destacou-se que a contagem de tempo para conceder o benefício não é ininterrupta. “Isso equivaleria a transferir um sentenciado que está no regime fechado diretamente para o regime aberto, considerando-se tão somente a somatório do tempo de cumprimento de pena”, completou, explicando que devem ser respeitados os períodos cumpridos em cada regime prisional.

Por fim, o ministro Felix Fischer destacou no HC 153.478 que a nova redação do artigo 112 da LEP, dada pela Lei 10.792/03, afastou a obrigatoriedade do exame criminológico para a progressão de regime, mas não permitiu o salto.

Capturada em veja.abril.com.br

Reinaldo Azevedo

Marco Aurélio passou a exercer papel nefasto para a reputação do Supremo e se dedica diariamente a uma espécie de difamação de seus pares. O decoro e a compostura lhe pedem que pare, a menos que queira ser confundido com um cumpridor de tarefas extracurriculares. Ele está atuando para atrasar o julgamento!

Escrevi ontem um texto sobre o ridículo a que o Supremo vem sendo exposto por alguns de seus membros. O título é este: “Nunca antes na história ‘destepaiz’ o Supremo foi submetido a tal enxovalho. Ou: Não há escapatória: os 11 do STF também estarão votando o destino de uma instituição”. O jogo está sendo jogado, e estamos acompanhando a atuação de alguns protagonistas. Ninguém, no entanto — nem mesmo Ricardo Lewandowski e José Antonio Dias Toffoli, tão explícitos nos seus respectivos papéis — tem se comportado de forma tão deletéria para a reputação da Casa como Marco Aurélio Mello. Já o tive na conta de um homem independente, mesmo quando discordei radicalmente de suas opiniões — e cito o caso do terrorista Cesare Battisti. Quando gostei, elogiei. Hoje, critico-o duramente. E não porque desconfie que vá discordar de seus votos.

Marco Aurélio — chamo-o pelo prenome para distingui-lo do outro Mello, o Celso, que o antecede — decidiu se comportar como ombudsman de seus colegas. Como não lhe cabe o papel oficial de crítico de seus pares, como essa função não está prevista do Regimento Interno da Casa, então ele evita a seara técnica e prefere trilhar o caminho da ironia — que se pretende sutil, mas que é notavelmente grosseira. Não passa dia sem que dê declarações descabidas e impertinentes à imprensa, tendo sempre seus parceiros de STF como alvos. E, quase invariavelmente, anuncia que o “clima não está bom”, como se não fosse ele um dos incentivadores de rusgas e confrontos.

Marco Aurélio foi quem liderou a reação, anteontem, à proposta do presidente da Casa, Ayres Britto, de dar continuidade à sessão, já que restava tempo, ouvindo mais defensores. Alegou que desrespeitava o calendário estabelecido. Falso como nota de R$ 3. Já tratei do assunto aqui. Não desrespeitava nada! Sempre ficou claro que aquele tempo era flexível e que os defensores tinham ATÉ uma hora. Portanto, no tempo da sessão, poderiam ser ouvidos apenas cinco, mas também dez — se cada um ocupasse apenas meia hora. Com aquela sua retórica sempre oblíqua, sugeriu que se estava desrespeitando o combinado. Errado! Ao se suspender a sessão uma hora antes do horário previsto é que o modelo estabelecido foi ignorado.

Agora, ao ler a Folha, deparo-me lá com o título: “Ministro critica tentativa de apressar o julgamento”. Antes mesmo que começasse a ler o texto, chutei: “É Marco Aurélio!”. Na mosca! E é claro que isso não faz de mim um mestre nas artes adivinhatórias. Quem, afinal de contas, parece dispor de tempo ocioso para dar declarações infelizes sobre o julgamento e a tanto vem se dedicando com afinco quase comovente? Leiam isto:
“Fui surpreendido por uma notícia do presidente de que o ‘todo-poderoso’ relator quer começar nesta quarta. Eu disse para começarmos na quinta. E mais: ele [Ayres Brito] apontou que o relator estava querendo também uma [sessão] extraordinária na sexta, sem a presença do revisor [Ricardo Lewandowski], que tem um compromisso acadêmico”.

Há mais absurdos aí do que muitos perceberão à primeira vista. Falarão hoje apenas três advogados. Portanto, teremos, no máximo, três horas. O passo seguinte é a leitura do voto do relator. Nada impede, pois — a menos que Marco Aurélio diga onde está o prejuízo para os réus e para o devido processo legal —, que Joaquim Barbosa comece a leitura do seu voto. Por que não? Ou o tribunal deve fazê-lo na quinta só porque o preclaro disse que tem de ser na quinta? Nesse dia, aliás, o tempo já é encurtado por causa da sessão do TSE.

Quanto à questão da sexta, eu já havia dado a notícia na manhã de ontem. Barbosa, de fato, gostaria de ter uma sessão extra, e Britto consultou os demais ministros. Quem disse “não”? Justamente Ricardo Lewandowski, de quem Marco Aurélio decide agora ser porta-voz informal. Alegou uma “viagem inadiável”. Segundo o seu colega e bastante procurador, trata-se de um “seminário acadêmico”. Lembro que este mesmo Marco Aurélio já andou fazendo troça dos problemas de coluna de Barbosa, sugerindo que se pensou um calendário pautado pela saúde do ministro. Ora, aquele mesmo, então, que estaria impossibilitado de um esforço extra a tanto se ofereceu. Mas sabem como é… O “seminário acadêmico” de Lewandowski não pode esperar! Sem as suas luzes, o mundo fica na escuridão. Lembro que este ministro rejeita uma sessão extra, mas achou de bom tom desperdiçar um dia com seu voto quilométrico numa simples questão de ordem — voto que, e ele tinha certeza disto, seria derrotado.

Leia artigo completo em veja.abril. com.br

Notícias da ESMAM

Técnica de mediação será alvo de curso para magistrados

A Escola Superior da Magistratura do Maranhão (ESMAM) está oferecendo vagas para o curso de técnicas de conciliação e mediação, na capital e Imperatriz.

Até o dia 15 de agosto, magistrados e servidores que atuam envolvidos com a conciliação podem se inscrever para participar do treinamento que pretende desenvolver a aplicação dos meios alternativos de solução de conflitos. Para participar, o interessado deve enviar sua solicitação para o e-mail esmam@tjma.jus.br (turma na capital) ou esmam_itz@tjma.jus.br (turma em Imperatriz).

Em São Luís, o curso será realizado no auditório da ESMAM, no período de 20 e 21 de agosto. Na cidade de Imperatriz, o treinamento está marcado para os dias 21 e 22 de agosto, no Fórum da Comarca.

O curso será ministrado por Fernando Montefusco, Coordenador Geral do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos em Goiás e Roberto Portugal, juiz de Direito, diretor-Presidente da Escola Nacional da Magistratura (ENM), professor convidado do CNJ e ENFAM para capacitar magistrados estaduais e federais em técnicas de mediação e conciliação,coordenador Nacional do Programa “Cidadania e Justiça também se aprendem na Escola”, da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB).

Conciliação

Estou chegando de Brasília, onde participei, com o colega Alexandre Lopes, coordenador,  do II Encontro de Núcleos de Conciliação. Participaram os representantes dos  Núcleos das Justiças Estaduais, do Trabalho e Federal.

Ao encerramento do encontro, fiquei com a inquietante sensação de que estamos atrasados, aqui no Maranhão.

A verdade é que nós não temos, ainda, muito o que mostrar, em face desse que é, talvez, o projeto mais relevante do CNJ.

Os números apresentados são estupefacientes.

Fiquei mesmo com a sensação de que a conciliação é a redenção do Poder Judiciário.

O conselheiro Neves Amorim, para variar, disse que o CNJ fará inspeção nos Tribunais que estiverem em atraso com o cumprimento da Resolução 125, que trata extamente da criação dos Núcleos e Centros de Conciliação.

O conselheiro Neves Amorim, ademais, nos convocou a todos para a II Semana de Conciliação, a realizar-se no mês de novembro.

Vamos nos esforçar para dar a nossa contribuição.

Quanto aos Centros de Conciliação de São Luis – um no fórum, um na Rua do Egito e  outro no Ceuma  -,   espero inaugurá-los ainda este mês.