Não tenho amigos. Alías, nos dias atuais – desculpem a franqueza -, não se tem mais amigos. Amigo, ao que parece, é coisa do passado. Em face dessa constatação foi que decidi publicar o excerto abaixo, no qual Erasmos Carlos traduz, em palavras, a sua amizade com Roberto Carlos, apenas para que as pessoas reflitam acerca do significado da verdadeira amizade.(Minha Fama de Mau, editora Objetiva, 2009, p.145)
“Roberto e eu somos responsáveis pela nossa amizade, que não tem nada de fingimento ou marketing. Existe realmente, forte como uma rocha. Para alguns, pode parecer feita de isopor, como aquelas grandes pedras que nos filmes caem sobre as pessoas sem machucá-las, mas na verdade se fundamenta em sentimentos sinceros e na predisposição de nos aceitarmos como somos, jamais tentando mudar o outro. Absorvemos as transformações de cada um, sem a obrigação castrante de adotá-las. Para o bem de nossas personalidades, que embora parecidas são completamente diferentes – por exemplo, sou mais explosivo e despachado,enquanto ele é mais reflexivo e reservado.
Não nos cobramos nada porque temos certeza de que nos damos tudo. Se alguém disse que Roberto me xingou de ‘feio’, respondo que é mentira, porque seu que meu amigo me vê por dentro e sabe que, internamente, sou bonito como ele. Brigas nem pensar, apesar de estarem sempre inventando algumas. Claro que existem discordâncias de opinião, até porque somos parceiros musicais e, constantemente, nos vemos diante de situações polêmicas, provocadas pelos personagens de nossas músicas.
Tenho o máximo respeito e admiraçao por ele e pelo seu canto. Aprendi como aluno atento às inúmeras lições de vida que Roberto me deu. Fico horas e horas conversando com ele e, ao fim, lamento, pois queria conversar muito mais
Seu carisma e sua bondade levam muitas pessoas a mitificá-lo, numa patamar de uma entidade como um anjo ou coisa assim. Embora o chamem normalmente de ‘Rei’, já ouvi alguns o chamarem de ‘santo’ e até de ‘Deus’. Para mim, é o Amigo, com maiúscula.”