Capturado na Folha de São Paulo

ELIANE CANTANHÊDE

Voos da alegria

BRASÍLIA – Além de “trens da alegria”, o Brasil também é chegado em “voos da alegria”, sempre em momentos muito especiais.
O mais famoso, inspiração para piadas, charges, versos e músicas, é o do deputado Paes de Andrade, que presidia a Câmara em 1989 e na sua primeira interinidade no lugar do presidente da República, José Sarney, meteu a parentada, compadres e amigos no Boeing presidencial para comemorar o feito em casa, na pequena cidade de Mombaça, no Ceará. Instalou-se assim a “República de Mombaça”.
Mais recentemente, outro voo que também fez a festa da imprensa e da opinião pública foi o do governador do Ceará, Cid Gomes, que usou dinheiro público para alugar um jatinho e pagar hotel de luxo em Paris, alegando “reuniões de trabalho” em pleno Carnaval.
Para elas, levou a mulher, a sogra e, de quebra, assessores amigos e suas mulheres. Virou o “voo da sogra”, com direito à solidariedade pública do popular Lula -que, aliás, também se comoveu com as artes de Renan, Collor, Arruda, mensaleiros, cuequeiros e aloprados, e igualmente os defendeu.
Agora, o deputado e ex-sindicalista Marco Maia, do PT gaúcho, recém-eleito presidente da Câmara, arrumou uma forma infalível de sair do anonimato para a fama: um voo vapt-vupt para a Espanha.
Ele sacou um tema bacana -energia eólica- e um providencial encontro com o presidente do Parlamento espanhol, José Bono, em pleno domingo. Puxa, que sorte! É justamente no dia seguinte ao clássico Barcelona-Real Madrid. Deve ter sido pura coincidência…
Para ambos -jogo e encontro dominical- Maia está levando o filho de 13 anos, o primeiro secretário da Câmara, Eduardo Gomes (PSDB-TO), e… Sua Excelência Romário, o craque eleito pelo povo carioca para jogar futevôlei na praia.
A Câmara vai bancar todas as despesas, menos as do filho. Como Câmara, leia-se: você, seu trouxa.

elianec@uol.com.br

A reforma do CPP e a prisão provisória

Tenho entendido, no segundo grau – como sempre entendi,  em primeira instância –,  que a prisão deve ser a utltima ratio, máxime a provisória.  Por isso, ao tempo em que judiquei na 7ª Vara Criminal – e, agora, no Tribunal de Justiça –  só mantive – e só mantenho – presos os réus que eu entendia – e entendo – perigosos, ou seja, aqueles que, desde meu olhar, poderiam – e podem – , em liberdade, voltar a delinquir.

Por não dar vida mole a assaltantes, por exemplo – que entendo perigosos -,  fiquei com a fama de fazer  apologia da prisão, o que, de rigor, não correspondia à verdade.

Assim pensando, todas as vezes que me deparei com acusados em  face de crimes que, alfim e ao cabo,  acaso condenados, seria promovida a substituição da pena privativa de liberdade, por restritiva de direitos, tratei de colocá-los em liberdade.

Decerto que manter um acusado preso, durante toda a instrução, sem culpa formada, para, ao término do processo, concluir que ele faça jus à substituição da pena por restritiva de direito, era – e é -, para mim, um despropósito.

Assim pensando, sei que contribuí para minimizar os efeitos do encarceramento preventivo, que se constitui 40% das pessoas presas no Brasil.

Vejo, agora, que se pretende, com a reforma penal, estabelecer a proibição de prisão preventiva nos casos em que a pena passível de aplicação possa ser substituida por  pena alternativa.

Anoto que, na 1ª Câmara Criminal, da qual faço parte, já fui etiquetado de “santo” – vejam como as coisas mudam! –  porque tenho insistido em privilegiar as penas alternativas, quando se me afigura merecedor o acusado.

Determinado procurador – claro que brincando – disse,  na  terça-feira passada, quando eu insistia em não manter a prisão de um réu cujas circunstâncias judiciais lhes eram favoráveis e cujo crime tinha sido praticado sem violência contra a pessoa, que estava na hora de construirem um santuário para que eu fosse nele colocado.

Essa brincadeira – já depois de encerrada a sessão, registre-se – só enfatiza a minha posição no sentido de destinar a pena privativa de liberdade apenas para os acusados reconhecidamente perigosos, os quais, em liberdade, deixam entrever que pode, sim, à luz de sua vida pregressa, voltar a hostilizar a sociedade.

Minha mãe dizia – e diz, claro – que nada melhor que um dia atrás do outro.

Vejo, agora, que ela tinha razão, pois que, de uma hora para outra, em pouco mais de um ano no Tribunal, os conceitos a meu respeito já mudaram, radicalmente.

Antes, me viam como indicário. Apostavam, por isso, que eu tocaria “fogo” nas sessões do tribunal, que faria acusações públicas aos meus colegas, que transformaria esta casa num inferno.

Diziam, ademais, que eu era mau, porque fazia apologia da prisão.

Agora, não sou mais incendiário e me transformei num santo.

Claro que tudo isso é maldade, pura perfídia.

Eu não me transformei em santo e nem deixei de ser incendiário.

Eu, simplesmente, sou o que sempre fui.

Aliás, um determinado Defensor Público,  com atuação junto à 7ª Vara Criminal – hoje magistrado – , disse-me, certa feita, que a minha grande virtude era não surpreender.

E ele tem razão!

Eu sou sempre a  mesma pessoa.

As minhas convicções são inabaláveis!

Eu acordo, todos os dias, com a mesma personalidade que tinha ao dormir.

Não esperem , pois, surpresas na minha atuação judicante, na segunda instância; cá como lá, na primeira instância, serei sempre o mesmo.

Vou continuar sendo o que sempre fui,  com o que demonstro que tudo que se criou em torno da minha pessoa o foi por pura maldade.

Fique por dentro

O Ministério da Educação repassou aos estados e municípios, via FUNDEB, desde a criação do fundo, em 2007, até 2010, R$17,1 bilhões. Este ano serão R$ 7,8 bilhões.

O mais grave: não há órgão que fiscalize esses repasses.

Conclusão: os nossos gestores fazem o que querem com essa verba, disso resultando que,  só entre 2007 e 2008, das Prefeituras investigadas pela Controladoria-Geral da União (CGU), 41% tinham licitações fraudulentas, e 53% gastavam o dinheiro do FUNDEB de maneira indevida.

É, em resumo: raposa tomando conta de galinheiro.

Que tal?

Capturado no Blog do Ricardo Noblat

“Então fica combinado assim: nesta quarta-feira, na companhia do filho Vinícius de 13 anos, de dois assessores e dos colegas Romário (PSB-RJ) e Eduardo Gomes (PSDB-TO), embarca para Madri o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS). Irá assistir ao jogo Real Madri x Barcelona.

Quem pagará a conta do passeio? Nós, contribuintes.

Foi Romário quem convenceu Marco Maia a viajar. Você votou em Romário? Pois é… Ele preferiu bater bola na Barra da Tijuca a participar da primeira sessão da Câmara, este ano.

Outro dia, Romário profetizou ao comentar seu desempenho como deputado: “Ainda ouvirão falar muito de mim”. O que ouvimos até agora não foi bom.

Torcedor do Grêmio, Marco Maia ouviu Romário falar que seria imperdível o jogo Real Madri x Barcelona pela 32ª rodada do Campeonato Espanhol. Romário provou na pele a rivalidade que existe entre os dois times quando jogou pelo Barcelona.

Marco Maia comprou a sugestão de Romário. Mas deputado algum pode viajar para o exterior à custa da Câmara sem que seja em missão oficial. E sem o conhecimento prévio dos seus pares. Nem mesmo aquele que pode assumir eventualmente a presidência da República caso o vice não possa.

Foi dado conhecimento da viagem aos demais deputados. Nem se coçaram. Quanto ao caráter oficial da missão, deu-se um jeito.

A Embaixada da Espanha no Brasil soube do interesse de Marco Maia em visitar o parlamento espanhol entre os próximos dias 14 e 17 – nem antes e nem depois. E, se possível, em se reunir com o presidente da Câmara dos Deputados de lá, Jose Bono Martinez, do Partido Socialista Espanhol (PSOL). O PT e o PSOL são partidos irmãos. A embaixada fez o que lhe cabia.

Real Madri e Barcelona jogarão no dia 16, sábado.

Marco Maia e comitiva deixarão Brasília no dia 13 com destino a Lisboa. De lá voarão para Madri, desembarcando às 9h do dia 14 no aeroporto de Barajas. Voltarão ao Brasil na noite do dia 17, um domingo.

A Espanha atravessa grave crise econômica a menos de um ano da eleição que renovará os 350 assentos do Congresso dos Deputados (Câmara) e os 208 da Câmara Alta (Senado). O PSOL está no poder há oito anos. Deve perdê-lo. O primeiro-ministro José Luiz Rodríguez Zapatero desistiu de disputar mais um mandato. Sua popularidade está ladeira à baixo.

José Bono Martinez concordou em receber Marco Maia e comitiva no domingo dia 17, quando a Câmara não funciona. No sábado, dia do jogo, também não funciona.

Marco Maia visitará a Câmara no dia 14 ou 15. Os deputados espanhóis estão ocupados com as eleições municipais e regionais de maio. Mas sempre haverá alguns na cidade.

Com eles – e também com José Bono -, Marco Maia quer bater um papo sobre projetos de energia eólica e as restrições à entrada de brasileiros na Espanha.

Empresários espanhóis que investem em energia eólica no Brasil estão sempre por aqui até quando não são chamados. Imagine se fossem!

Nem mesmo o Itamaraty, depois de dois anos de trabalho duro, dobrou a resistência espanhola à entrada de brasileiros no país. De 2006 para cá, triplicou o número de brasileiros que migraram para a Espanha, parte deles de forma ilegal.

Sim, Marco Maia aproveitará a estadia em Madri para ser entrevistado pelo jornal “El País”.

O jornal tem correspondente no Brasil. Caso julgasse importante entrevistar Marco Maia o faria daqui mesmo. Daqui ou de lá poderia entrevistá-lo via Skype. Mas se o deputado prefere ir bater na porta do jornal… Problema dele.

Problema nosso também, que toleramos transgressões, digamos assim, “menores”. Pecadilhos…

Protestos? Indignação? Só na internet. Uma vez, Lula presidente, filhos dele, acompanhados de amigos, pegaram carona no avião presidencial de São Paulo para Brasília. Depois foram se divertir no Lago Paranoá a bordo da lancha presidencial.

Bobagem, não?

O piloto de Dilma infringiu há duas semanas as mais elementares regras de segurança dando carona a uma amiga no avião presidencial. Dilma estava no avião.

Outra bobagem!

Em Cádiz, a uma hora de vôo de Madri, Lula receberá na próxima sexta-feira o Prêmio Liberdade Cortes de Cádiz, criado pela prefeitura local.

Quem sabe Marco Maia e comitiva não aparecem por lá para prestigiar o companheiro?

Dá para ir e voltar sem correr o risco de perder o jogo no dia seguinte”.

A nossa credibilidade está no fundo do poço

Todas as vezes que se noticia alguma coisa envolvendo o Tribunal de Justiça do Maranhão os leitores dos blogs aproveitam a ocasião para soltar os cachorros contra o Tribunal de Justiça do Maranhão.

Vejo, agora mesmo, no blog do Itevaldo, na matéria que trata da representação formulada contra uma colega, comentários os mais desairosos contra  o Tribunal de Justiça do Maranhão.

A sensação que tenho, lendo referidos comentários, é que a nossa credibilidade é nenhuma.Isso é grave! Muito grave mesmo!

Eu, de minha parte, a única coisa que posso dizer, é que nunca  contribui com o meu voto para que nenhum juiz fosse aprovado no tapetão.

E digo mais: sei que ninguém conta comigo para essa finalidade.

Mas seria bom se os que fazem tanta acusação tivessem coragem de levar o fato ao conhecimento do CNJ, ou mesmo na nossa Ouvidoria.

O certo é que acusam, achincalham, agridem, soltam os cachorros, mas coragem que é bom, nada.

Para reflexão

Publico, a seguir, artigo que capturei no site Consultor Jurídico, merecedor de detida reflexão.

Duas instâncias não satisfaz demandas da sociedade

POR ALBERTO ZACHARIAS TORON E FÁBIO TOFIC SIMANTOB

Artigo originalmente publicado no jornal O Estado de S. Paulo desta segunda-feira (11/4)

Todos conhecem a história do homem que, ao chegar em casa, encontra a mulher deitada com o amante no sofá da sala e para acabar com a infidelidade resolve… vender justamente o sofá. Assim parece ser a proposta de emenda constitucional apresentada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 21 de março, a qual prevê a abreviação da tramitação de processos judiciais para acabar com a lentidão do Judiciário. A ideia do ministro é simples: a causa seria decidida em duas instâncias (juiz de primeiro grau e Cortes estaduais ou regionais federais) e recursos aos tribunais superiores – Superior Tribunal de Justiça (STJ) e STF – não impediriam a execução da pena.

Há um sedutor argumento, sobretudo na área cível, no sentido de que caberia ao vencedor executar a sentença e, se o vencido depois conseguisse revertê-la no STJ ou no STF, seria ressarcido do valor pago indevidamente. Mas e na área penal? Quem devolveria o tempo de liberdade perdido em consequência de uma condenação posteriormente considerada inválida por uma Corte superior? O Altíssimo?

Deixando de lado importantes questões técnicas que a proposta suscita, perguntemos: como falar em Justiça rápida se mesmo no Estado de São Paulo, no ano passado, os servidores do Judiciário estadual fizeram greve de 127 dias por “reposição salarial”, estimando-se o atraso no andamento dos processos em um ano e meio? Como falar em Justiça rápida se o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) encontrou no Pará, em 2010, execuções penais paradas havia anos, sem nenhum andamento processual? Destaque-se o caso do presidiário encontrado no regime fechado, quando teria direito à progressão para o semiaberto desde 2001 – o seu pedido, entretanto, nunca foi analisado. Ou, então, o caso de Francimar Conceição do Nascimento, no Amazonas, que mesmo sendo doente mental foi preso e condenado a quatro anos de reclusão e quando descoberto pelo Núcleo de Advocacia Voluntária do CNJ já estava preso havia cinco anos, esquecido pelo juízo da execução. Um escândalo, claro! Há outros piores, mas é mais fácil a mágica ou panaceia da supressão das instâncias recursais.

Como no Brasil existem várias Justiças, é preciso tomar cuidado a fim de não criar soluções-padrão para situações bastante diferentes. Enquanto na esfera cível a grande maioria da população amarga anos de luta no Judiciário para poder receber o que lhe é devido, na esfera criminal acontece justamente o inverso: a esmagadora maioria da população cumpre a sua pena, às vezes, antes até de o processo ser examinado pela segunda instância. Recursos aos tribunais superiores – STJ ou STF – acabam sendo muito excepcionalmente usados. Primeiro, por falta de advogado e, segundo, porque, depois de cumprir a pena quase inteira, o réu – pobre, na esmagadora maioria das vezes – não quer mais perder tempo com a Justiça para conseguir uma decisão cujo efeito será, no máximo, moral.

A proposta de acabar com a natureza recursal dos recursos especial (STJ) e extraordinário (STF) e criar no lugar medidas rescisórias só teria um efeito: entupir os tribunais superiores com ações dessa natureza para, quem sabe daqui a 10 ou 20 anos, o futuro presidente do STF, na sessão de abertura do ano judiciário, precisar lançar o “enésimo” Pacto Republicano, propondo a criação de mecanismos necessários para reduzir a quantidade dessas mesmas “medidas rescisórias”.

Pés no chão, data venia! Não é verdade que existam quatro instâncias recursais no Brasil. Existem duas instâncias ordinárias, nas quais os fatos e as provas são examinados com amplitude. Já os recursos extraordinário e especial não se prestam ao reexame de prova (Súmulas n.º 279 do STF e n.º 7 do STJ), tampouco à correção da injustiça do julgado recorrido. Servem, como se sabe, para garantir a vigência e a uniformidade da interpretação das leis infraconstitucionais e da Constituição federal, daí por que se dizer tratar-se o STJ e o STF de instâncias excepcionais, e não ordinárias.

Aqui, de fato, diferentemente de outros países, como os Estados Unidos da América, o Direito Penal é um só para o País inteiro. Assim, permitir que os entendimentos regionais sirvam por si sós para mandar alguém para a cadeia configura, além de tudo, grave ameaça ao nosso modelo federativo, pilar do nosso Estado Democrático de Direito.

Além disso, os recursos dirigidos ao STJ e ao STF muito raramente são remetidos para Brasília, porque a lei foi criando ao longo dos anos mecanismos bastante eficazes de seleção dos casos, como a exigência de que a matéria discutida seja de repercussão geral, peneira esta, é bom dizer, menos sentida quando a interposição é feita pela acusação…

Tudo isso está provocando a diminuição de processos distribuídos ao STF, conforme admitiu o ministro Cezar Peluso em seu discurso na abertura do ano judiciário de 2011: “Foram distribuídos em 2010 apenas 41.098 processos, em oposição aos 106.128 feitos registrados em 2007” – fato esse que se deve repetir no STJ.

Agora, uma coisa é certa: apesar de demorado, o acesso aos tribunais superiores ainda é a única forma de assegurar que quem está respondendo a processo em liberdade não começará a cumprir pena sem o respaldo das Cortes superiores, e que o Direito Penal aplicado no interior do Piauí será o mesmo praticado na capital da República.

A proposta de reduzir a duas as instâncias da Justiça é semelhante à de oferecer dieta de emagrecimento a quem está morrendo de fome. Não há dúvida que ter somente duas instâncias seria o ideal, mas nem sempre o ideal está apto a atender às demandas e urgências da sociedade.

Lágrimas, consternação e dor

Ontem, pela primeira vez, vi, na televisão, as cenas do massacre de Realengo – e o enterro de algumas vítimas.  Não pude fazê-lo antes, em face de compromissos. Não resisti. Chorei. Estava na companhia do colega José Bernardo, em Porto Alegre. Senti uma fortíssima emoção. Lembrei dos meus filhos, especialmente da minha filha. Telefonei para minha casa,  imediatamente após assistir ao telejornal da Globo. Falei com ela- com minha filha. Senti um certo alívio. Mas ela me disse que ia sair. Ia a um aniversário. Pedi a ela todo cuidado. Ela me prometeu que teria. Não foi suficiente. Deitei tomado de angústia e preocupação. Tomei um remédio. Dormi por volta da meia-noite. Acordei algumas vezes. Voltei a lembrar das cenas de tristeza por ocasião do enterro das vítimas de Realengo. Custei a dormir novamente. Mas dormi, para, poucos minutos depois, acordar para viajar. Estou em casa agora. O coração? Quase em paz. Ainda sofro com a dor dos pais das vítimas. Não tive coragem de assistir, hoje,  aos telejornais.  Não tenho a capacidade de ficar indiferente. Os rostos dos inocentes, ao fim do jornal da Globo, estão gravados em minha retina.  Quantos sonhos destruídos! Quanto dor! Quanta emoção! Eu não suportaria. Filho não devia morrer antes do pais. Não há dor maior! É o mesmo que morrer junto. Sei que não suportaria tanta dor. Por que que tem que ser assim? Por que logo elas, na flor da idade, com uma vida pela frente? Por que o destino reserva tanta dor a determinadas pessoas? Qual a explicação?!