Autocontenção reflexiva

Nos  dias presentes não existe “bicho” mais assustado, mais enredado, mais emparedado que o homem.
De todos os animais que vivem na terra tenho para mim que não há nenhum  ser  que viva mais a agruras da vida, nos dias presentes, que o homem.
É uma falácia  a afirmação de que vivemos em liberdade, pois de há muito a perdemos para marginalidade.
É necessário reconhecer que, nos dias presentes, não somos sequer  livres para dizer o que pensamos acerca de temas relevantes , pois somos patrulhados, a todo instante, pelo politicamente correto.
Eu tenho insistido, neste espaço, em expor o meu pensamento sobre os mais variados temas. Todavia, sei que pago um preço alto por ser e agir assim.
Infelizmente, vivemos num país em que somos instados ao silencio e à cumplicidade. Sem cumplicidade e com barulho as pessoas tendem a ser isoladas, e, nessa condição, as portas se fecham para si e para seus.
A verdade é que vivemos encurralados – e proibidos, no mesmo passo – de agir, plenamente, como cidadãos.
Além de nos faltar liberdade para ir e vir e de condições defender o nosso patrimônio em face de uma ação marginal, não temos, ademais,  liberdade  sequer para dizer o que pensamos, em face do patrulhamento a que somos submetidos.
Vivemos uma espécie de autocontenção reflexiva.  Aprendemos que o silêncio pode ser o mais recomendável. É perigoso agir como se fosse natural dizer o que pensamos.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.