Todo mundo gosta de ser prestigiado; diria eu, valorizado, reconhecido.
Eu, tu, ele, ninguém fica indiferente em torno dessas questões. A menos que não seja racional.
É próprio do ser humano gostar de ser reconhecido pelas ações que realiza.
Velho, novo, ancião, seja quem for, todos nos sentimos bem quando nos prestigiam, quando nos valorizam, ainda que o seja por uma insignificante realização.
Claro que, em face de questões marcadamente pessoais, alguns gostam mais que outros, exigem mais que outros, se regozijam mais que outros.
Mas muito cuidado, porque o desejo de reconhecimento pode levar as pessoas ao extremo, como ilustrarei a seguir, com dois exemplos diametralmente opostos.
Pois bem. No domingo próximo passado estive com um tia, de oitenta anos, irmã do meu pai, aqui no Rio de Janeiro, que, depois de muitas recordações, de muito papo descontraído sobre as nossas vidas, deixou claro que uma das razões pelas quais não volta para o Maranhão ( mora no Rio há 62 anos), onde estão todos os seus irmãos, é sentir-se prestigiada, valorizada aqui.
Soa estranho, no primeiro momento, que alguém se sinta mais prestigiada em terra estranha que na sua. Todavia, muitas vezes, não se há de negar, nisso não há nada de inusitado. Muita vezes eu próprio tenho a sensação de que sou mais valorizado por ” estranhos” que por parentes. Mas isso é outra questão, que não deve ser lembrada.
O que importa mesmo para essas reflexões é reafirmar a necessidade que todos temos de ser valorizados, prestigiados, reconhecidos.
Vou adiante.
O segundo exemplo que gostaria de mencionar, para ilustrar essas reflexões, foi o depoimento de um policial( a matéria foi veiculada com o nome fictício), mencionado numa matéria publicada no jornal o Estado de São Paulo, de 22 do corrente, o qual, dentre outras barbaridades, disse que, para se sentir prestigiado dentro da corporação, precisou matar, pois a todo tempo os seus colegas indagavam se já havia matado alguém, e responder-lhes sempre negativamente o deixava em situação desconfortável.
Esses dois exemplos, tirados ao acaso, reafirmam o que eu disse acima: todos buscamos reconhecimento, todos queremos ser prestigiados, todos queremos ser valorizados.
Só que uns em face do bem que realizou e outros, em face do mal que praticam.
É possível compreender o ser humano?
Prezado Desembargador,
Sou leitora assídua do seu blog e servidora do TJ há mais de 6 anos. Passo pelo mesmo problema: falta de prestígio, de valorização, dentro do local para o qual estudei para passar num concurso público.
Essa semana tive esperanças de que isso talvez mude. No sistema digidoc pude tomar conhecimento de 2 determinações do CNJ, com abertura de Sindicância contra o TJ, pelo não cumprimento em tempo da ordem. Uma no sentido de que 50% dos cargos dos Gabinetes dos Desembargadores sejam ocupados por servidores efetivos e a outra no sentido de que os servidores lotados no 1º grau de jurisdição, atualmente exercendo cargos em gabinetes e nas secretarias do TJ, sejam devolvidos ao fórum ou comarcas do interior do Estado. Os n.os dos processos são 267302012 (consta do anexo a abertura de Sindicância contra o TJ) e 273522012, onde consta a relação enviada ao CNJ dos servidores comissioandos que sairam do 1º grau.
Outra pergunta que me faço é se o Presidente adotará tais medidas e se haverá resistência dos demais membros da Corte em reestruturar os seus gabinetes de modo a valorizar os servidores da casa. Acho muito difícil isso ocorrer, mas espero que a determinação seja cumprida.
Louvo a sua atitude de selecionar servidores através de processo seletivo, já pude participar de 2 e também a do Des. Vicente, em recente publicação de edital, com o mesmo objeivo. Vejo nessas determinações do CNJ que os efetivos do TJ podem ter muitas portas abertas e com isso possam ser reconhecidos e valorizados.