Hoje, pela manhã, nos corredores do Tribunal de Justiça, encontrei um conhecido advogado criminalista, que, ao meu ver, cuidou logo de fazer uma afirmação, seguida de uma inquietante indagação:
-O senhor é um homem de muita coragem! O senhor não tem receio de votar, com a ênfase que votou, pela abertura de um PAD contra um colega, sobretudo sabendo que havia uma clara tendência pelo arquivamento?
Mais adiante, arrematou:
-Sim, porque votar pela abertura de um PAD contra um colega já é complicado, imagine quando se vota, como o senhor fez, com a veemência que fez. Isso lhe coloca muito mal diante dos seus colegas. Olhe, não é bom ser antipatizado pelos pares. É sempre bom ter uma convivência pacífica, se relacionar bem, afinal a sua carreira não para por aqui. O senhor vai precisar dos seus colegas para ser Corregedor e Presidente.
Diante das sinceras observações do mencionado causídico, fui direto ao ponto: não sou candidato a nada! Eu só quero cumprir meu tempo de serviço e voltar para minha casa!
Diferente de muitos, não tenho mais nenhuma ambição profissional. Quero apenas cumprir a minha missão. Depois, retiro-me do proscênio, afinal, não me fascina passar para posteridade como mais um presidente, mais um corregedor. O meu retrato prefiro nos quartos dos meus filhos ou em qualquer outro cômodo da minha casa. Um retrato na parede dos que passaram pela presidência e corregedoria do Tribunal não me fascina, sinceramente.
Todavia, devo confessar, quero, sim, ter um bom relacionamento com meus pares. Aliás, acho que me relaciono bem com a maioria.
Devo confessar, contudo, que esse tipo de questionamento, sobre a abertura de um PAD, não me surpreende. Efetivamente, por essas paragens, o espírito de corpo, em determinados casos, ainda peso muito. Quando o colega é pagão, bem, aí não tem jeito: instauram-se quantos PAD,s forem necessários. Todavia, se tem padrinho…aí, meu amigo!, tudo é diferente.
O que lamento não é o apadrinhamento, o corporativismo. O que lamento, nesses episódios, é alguns se sentirem no direito de criticar, e até agir com deselegância em face de um colega que vota em desacordo com o seu entendimento. Isso é antidemocrático e é, sobretudo, ridículo e lamentável.
A mim não me preocupa, sinceramente, se existam os que não gostem das minhas posições. Vou continuar votando de acordo com as minhas convicções. Sempre preservando o nível, entrementes! Sem partir para a descortesia e sem ser mal-educado, incivil, indelicado e grosseiro.
Caro Dr. José Luiz,
Depois de algum tempo de ausência, é maravilhoso ler um texto seu e observar que você continua a mesma pessoa, sempre disposta a discordar da ilegalidade ou da injustiça, sem medo de que a sua opinião possa causar descontentamento ou antipatia em quem quer que seja. Pude comprovar, com muita alegria, que a sua essência continua cada dia mais apurada e totalmente invulnerável aos ataques da sede do poder. Confesso que até hoje me reporto a sua pessoa, sempre que preciso falar de integridade e justiça. Parabéns pela sua postura na magistratura maranhense. Parabéns, principalmente, por esse legado de honestidade, ética e coerência que deixará não só para a sua família, mas para todos que tiveram o privilégio de desfrutar do seu convívio.
Um grande abraço. Obrigada por tudo.
Azenate