Para não perder a esperança

Todos sabem que sou crítico implacável dos homens públicos que usam o poder para dele tirar proveito, sobretudo de ordem patrimonial. Não aceito, por exemplo, a forma com que se apropriam das prefeituras para enriquecer, à vista de todos, sem a menor cerimônia, como se fosse algo natural.

Mas do brasileiro, o homem comum, tenho tudo para sentir orgulho. Li essa semana matéria jornalística reveladora do bom caráter do cidadão brasileiro, daquele que só deseja mesmo viver com dignidade.

Eis a síntese da matéria, detalhada na coluna de Elio Gaspari, na Folha e no Globo deste final de semana.

Em uma década, o programa Bolsa Família beneficiou 50 milhões de brasileiros que vivem em 13,8 milhões de domicílios com renda inferior a R$ 140 mensais por pessoa. Nesse período, 1,69 milhão de família dispensaram espontaneamente o benefício de pelo menos R$ 31 mensais. Isso acontece porque passaram a ganhar mais, porque diminuiu o número de familiares ou por qualquer outro motivo.

O certo é que, segundo a matéria,de cada 100 famílias amparadas, 12 foram à prefeitura e informaram que não precisavam mais do dinheiro.

O articulista concluiu assim:

“Há fraudes no Bolsa Família? Sem dúvida, mas 12% de devoluções voluntárias de cheques da Viúva é um índice capaz de lustrar qualquer sociedade. Isso numa terra onde estima-se que a sonegação de impostos chegue a R$ 261 bilhões, ou 9% do PIB”.

Para não perder a esperança;

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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