Há um ditado popular, verdadeiro apotegma dos impontuais, segundo o qual “pontualidade é virtude sem testemunhas”.
Os impontuais (deselegantes e também mal-educados) acham que, à luz dessa máxima, ninguém deveria se preocupar com a impontualidade, pois pontualidade é coisa de otários, de pessoas ansiosas, obsessivas e metidas a besta.
Para justificar a impontualidade, os impontuais se valem, ademais, de outras máximas, igualmente populares, mas igualmente marotas e oportunistas, do tipo “apressado come cru” ou “não vim para consertar o mundo”.
E assim, de deboche em deboche, desrespeito em desrespeito, os impontuais vão fulminando a nossa paciência, e vão levando a vida na valsa, do jeito que eles e o diabo gostam.
Você, por acaso, já esteve numa sala cinema, nas últimas filas de cadeiras, para o qual você chegou a tempo, quando, de repente, mal o filme começou, aparecerem os retardatários, com um pacote de pipoca nas mãos, quase às cegas, parando bem à sua frente, em busca de uma poltrona, exatamente no lugar menos provável?
Certamente que sim; certamente, como eu, você também se irritou, sentindo vontade de mandá-los ao inferno, o que não faz, no entanto, por educação e respeito para com os demais presentes.
Já aconteceu de você marcar uma consulta e o médico chegar três, quatro horas depois da informada para início do atendimento?
Fala sério: você não teve vontade de ir embora para casa, depois de assacar vários desaforos à atendente, que, sabemos, é a menos culpada?
Pois se com você nunca ocorreu, comigo já aconteceu; incontáveis vezes.
Deixa eu contar uma impontualidade revoltante, porque passou de todos os limites.
Pois bem. Uma pessoa muito próxima a mim foi diagnosticada com hérnia inguinal, a exigir uma cirurgia, sem mais demora.
Ajustado com o cirurgião dia e hora para o ato cirúrgico, o paciente foi ao hospital na hora marcada para a cirurgia: 7h30.
Sabe que horas o paciente entrou no centro cirúrgico?
Exatamente às 17h15!
Que tal? É ou não é revoltante?
Mas eu procuro não dar vida mole aos impontuais.
Quando marco um compromisso e na hora ajustada o cidadão não aparece e nem justifica as razões do atraso, espero 15 minutos e me ausento, só para deixar claro que a sua impontualidade inviabilizou o nosso contato, com as consequências daí decorrentes.
A impontualidade é uma falta de respeito, pois só serve mesmo ao impontual.
Vamos todos fazer uma corrente pra frente contra os impontuais.
Faça como eu: se houver atraso, vá embora, deixe o mal-educado falar sozinho.
Eu também penso da mesma forma, embora seja tachada de “apressadinha, sem paciência” ou coisas do gênero. Entendo que ninguém precisa ser “britânico” para ser pontual. Isso é apenas uma prova de respeito para com as pessoas que dependem da nossa presença para a realização de serviços. Mais uma vez, devo lhe dizer: Valeu!