Sentir-se privado da fama e/ou do poder pode ser algo muito difícil de ser administrado por determinadas pessoas. O poder perdido – ainda que seja um só naco de poder – pode destruir a vida de determinadas pessoas, sobretudo as que sublimam a bajulação, a badalação, as colunas sociais, os tapinhas nas costas, os elogios gratuitos etc.
Quando Wilson Simonal concluiu, finalmente, que sua vida de artista famoso, rico e badalado, não tinha mais retorno, disse, desesperado, a um amigo: “Eu não existo. Sou um fantasma”. Wanderley Cardoso, “O bom rapaz” da Jovem Guarda, quando se viu sem os holofotes proporcionados pela fama, caiu em depressão e entregou-se ao vício do álcool.
Esses dois exemplos, apanhados ao acaso, são uma demonstração eloquente de como determinadas pessoas não estão preparadas para o ostracismo, para viver sem a fama – e sem o poder dela decorrente – que um dia alcançaram.
Essas pessoas, ao tempo da fama, não se preparam para o ocaso. Viveram intensamente o poder e a fama, esquecidos que, como tudo na vida, eles também passam.
Sabem-se de pessoas, com muito menos poder e quase nenhuma fama, que ao perderem aquele (o poder) , se desesperam, se deprimem, perderam, até, a vontade de viver.
Essas pessoas, a meu sentir, são as que exercem o poder sem idealismo, mas em face do que ele tem fascinante. Essas têm que sofrer mesmo, pois o poder, para elas, era um fim em si mesmo. Elas se lambuzam com – e no – o poder. Vivem das benemerências do poder, sem se darem conta que tudo na vida tem começo, meio e fim. São os tolos no poder, dos quais lhes falei em outra crônica publicada, aqui neste mesmo espaço.