Há pessoas, tenho dito de forma reiterada, que não perdem a oportunidade para tirar proveito de uma situação. Eu, de meu lado, tenho pavor que as pessoas imaginem que eu possa tirar proveito de ordem pessoal em face da importância do meu cargo. Por isso me intimido diante de qualquer perspectiva de ser confundido com um oportunista. Talvez essa seja a razão pela qual não me fascina estar desembargador. Por isso seleciono as minhas “ambições”, e antes de qualquer benefício de ordem pessoal, com receio de ser confundido com os aproveitadores, conto até mil, antes de aceitar uma gentileza. Por isso, ademais, prefiro servir que ser servido. Prefiro dar do que receber. Mas não sou o único a pensar assim. Conheço muitos que pensam e agem como eu, disso inferindo-se que não sou um falso moralista que se isola do mundo com receio do que se possa especular acerca do seu modo de ser.
Essas reflexões decorrem de uma notícia que li, hoje pela manhã, na Folha de São Paulo, dando conta de que o ex-prefeito Kassab, que recentemente aderiu ao governo federal, pensa, agora, eu rever sua posição, e retornar as suas ligações políticas com o ex-governador José Serra. E por que? Advinha? Porque a presidente, antes favorita absoluta numa eventual disputa eleitoral para um segundo mandato, caiu nas pesquisas e já não se sabe se será reeleita.
É triste, lamentável, repugnante, mas é verdade. Como Kassab, muitos os que, agora, começam a rever o seu apoio à presidente, que, antes, diziam incondicional.
Infelizmente os nossos homens públicos só agem para desacreditar, ainda mais, a classe política, o que é uma pena.