Logo após a sessão que elegeu a diretoria do TJ/MA para o biênio 2014/2015, algumas pessoas me abordaram e indagaram se eu havia votado em branco ou anulado meu voto.
Essa indagação faz sentido, pois todos sabem que entre nós, desembargadores, como em qualquer corporação, há divergências, algumas das quais até mesmo no campo pessoal.
Aos que me indagaram respondi, contudo, que não votei em branco e nem anulei meu voto. Disse-lhes, ademais, que não deixaria a minha casa, estando de férias, para anular o voto.
É que, compreendo, o Tribunal, nos dias atuais, está mais do que pacificado, no que concerne às disputas pelo sua direção, diferente do que ocorreu em passado recente, de cujas divergências resultaram prejuízos até mesmo para o jurisdicionado. Não seria eu, em face da minha história, a trabalhar contra essa pacificação.
De mais a mais, como tenho reafirmado amiúde, não se deve confundir as questões pessoais com as institucionais. Não seria eu, com a minha história, quem “melaria” a eleição, que, afinal, foi mais uma bela demonstração de amadurecimento.
Diante do interesse público, o verdadeiro estadista deve ter a capacidade de abrir mão de seus interesses pessoais.
Não se constrói uma boa história contestando por contestar,promovendo discórdia, deixando-se levar por sentimentos mesquinhos.
O que todos auguramos, agora, é que a nova diretoria continue o trabalho profícuo que vem sendo desenvolvido, desde a administração do desembargador Jamil Gedeon.
Quando a causa é boa, os homens públicos devem se unir em torno dela. Nesse sentido, têm que ter a capacidade de ver mais longe, de deixar de lado as suas idiossincrasias para agir em benefício do mais relevante.
Um dado histórico é sempre um bom exemplo. Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, Antonio Rebouças, Luis Gama, Antonio Bento e Rui Barbosa, conquanto divergissem acerca de várias questões, se uniram contra a escravidão.
Outro dado historio a ilustrar essas reflexões. Mário Covas, Ulisses Guimarães, Franco Motoro, Leonel Brizola, Lula e Fernando Henrique Cardoso, deixaram de lado as suas divergências pessoais e ideológicas, para se unir em favor da redemocratização do país.
Não penso diferente deles. Nunca deixarei que divergências pessoais contaminam a minha ação como magistrado.
É isso.
Fico feliz pela sua atitude, mas não me surpreendo nem um pouco, já que suas atitudes sempre foram marcadas pela ética, pela sabedoria e pela prudência. Não poderia ser diferente agora. Um abraço fraterno.