O Maranhão não surpreende

FALTA DE OPORTUNIDADE

Maioria dos resgatados em trabalho escravo é do Maranhão

O Maranhão é um dos principais estados de origem dos trabalhadores resgatados em trabalho escravo em todo o país. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostra que de 1995 a 2011 foram resgatadas 41,6 mil pessoas. Dessas, a organização não governamental Repórter Brasil estima que 28,31% são maranhenses.

Na maioria dos casos, a falta de oportunidade no povoado e a vontade de melhorar de vida levam os trabalhadores a ir para estados como São Paulo, Pará, Mato Grosso e Goiás. Grande parte trabalhou e trabalha no corte da cana. Geralmente, antes de deixar as comunidades, eles sabem das longas jornadas e das dificuldades que encontrarão. Acreditam, porém, que o esforço dos anos fora é compensado pela geladeira, televisão ou moto — objetos mais cobiçados — que compram quando voltam.

Na zona rural de Vargem Grande, as principais fontes de renda são a roça e o babaçu. Com o dinheiro que se ganha, não é possível comprar mais do que o necessário para viver e sustentar a família. Na cidade, também não há muita oferta de emprego, o município tem um dos 300 piores índices de Desenvolvimento Humano, ocupa a 5.293ª posição em um ranking de 5.565, segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013. A renda por pessoa é R$ 165,37 por mês. Cada trabalhador que vai e volta com dinheiro acaba incentivando os demais. Com informações da Agência Brasil. 

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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