No artigo que publiquei no dia de hoje, no jornal Pequeno (Cansamos de sonhar), fiz ver que o Brasil é um país concebido para uma minoria que tudo pode, em detrimento da maioria, para a qual só sobram as migalhas.
Hoje, leio, em o Globo, matéria que corrobora o que eu disse no artigo, que certamente deve ter sido lido por uma elite privilegiada, que deve ter concluído que sou apenas um juiz complicado.
Segundo a matéria, vários senadores da República recebem, criminosamente, salários muito superiores ao teto constitucional. E ficam calados, como se isso não fosse problema ético – pra dizer o mínimo – de especial gravidade.
Em qualquer país sério esses parlamentares perderiam os mandatos, devolveriam o que subtraíram e ainda iriam para cadeia.
Fazer o quê? Afinal, estamos no Brasil, país famoso por sua leniência com esse tipo marginal.
O mais grave é que, pese a constatação, o presidente do Senado disse que nada pode fazer, porque não tem ciência dos valores que recebem acima do teto.
Convenhamos, isso é caradurismo puro.
Se fosse um pobre coitado qualquer já teria sido instado a devolver o dinheiro recebido ilegalmente, sob ameaça de perder o emprego e de prisão. Como se trata de senadores da República, fica tudo como está.
Tenho vergonha da nossa representação.
Justiça no Brasil, infelizmente, é apenas para os miseráveis.
É uma vergonha!
Assim o povo vai terminar concluindo que não vale a pena ser honesto.
Para ser justo, destaco que dois senadores, apenas dois, declararam que recebem acima do teto: Cristóvão Buarque (PDT-DF) e Ana Amélia (PP-RS). Os demais, cinicamente, permanecem calados embolsando valores ilegais, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
E o pior é que ninguém protesta! Ninguém sai às ruas por causa disso!
O jornal o Globo divulgou alguns nomes que vou reproduzir agora: Espiridião Amim (PP-SC), que recebe 50,5 mil de salários; Júlio Campos (DEM-MT), recebe 50,8 mil; Flaviano Melo (PMDB-AC), Eduardo Azeredo (PSDB-MG), recebe 37,2 mil reais; Roberto Requião (PMDB), 52 mil reais; Valdir Raupp (PMDB-RO, 46,7 mil reais; Ivo CSSOL (PP-RO) 46,7 mil reais; Casildo Maldaner (PMDB-SC), recebe 59 mil reais; Antonio Carlos Valadares `(PSB-SE), 52 mil reais; José Sarney (PMDB-AP) 61,7 mil reais; Jorge Viana (PT-AC); Epitácio Cafeteira (PTB-MA); José Agripino (DEM-RN). Luiz Henrique (PMDB-SC) recebe 58 mil reais; e João Alberto (PMDB-MA).
São esses os homens públicos do Brasil que, muitas vezes, cinicamente, fazem discursos inflamados em defesa da moral e da honestidade, criticando os seus desafetos nas suas paróquias.
Uma vergonha!