Respondendo à indagação, entendo que sim.
Adiante, as razões desse entendimento, sob uma perspectiva filosófica.
Pois bem. Sócrates, tido como os mais sábios dos homens, entendia que a virtude, assim como o conhecimento, pode ser ensinada – e, no mais das vezes, assimilada; e a prática de vida está aí mesmo para provar que o filósofo tinha razão, bastando a constatação de que as famílias virtuosas tendem a perpetuar o sentido da virtude por gerações.
Sócrates ia além, a propósito. Ele também ensinava que o controle sobre os próprios impulsos e desejos é crucial para uma vida virtuosa, no que também está certo, na medida em que, constatamos todos os dias, não são poucos os que, por impulso, e, noutro giro, em face de desejos incontidos/inconfessáveis, se afastam de uma vida virtuosa, que significa, numa compreensão bíblica, uma vida honrada e honesta.
É do mesmo filósofo a conclusão de que a virtude leva a uma vida de integridade e sabedoria, disso inferindo-se a relevância da indagação/título dessas reflexões, cuja resposta, creio, resulta de uma obviedade, ou seja, de que a virtude se aprende, sim.
Importa dizer, ademais, que a virtude, além da possibilidade de ser aprendida na convivência diária, deve, outrossim, funcionar como uma bússola interna, ou seja, como um guia para cada indivíduo em suas decisões diárias e nas suas relações com o semelhante, o que, nada obstante, não se tem observado, daí a constatação da existência dos conflitos que testemunhamos, nos seus mais variados matizes, no dia a dia, quer nas relações familiares, quer nas relações profissionais.
A virtude, como o conhecimento, exige, importa reconhecer, autoconhecimento e muita reflexão, pois que, só assim, o indivíduo poderá compreender os valores e princípios que norteiam uma vida que sempre se espera permeada de valores morais, que são os princípios que orientam, verdadeiramente, a conduta das pessoas em sociedade, os quais se revelam na oposição do bem em face do mal, e do correto em oposição ao errado.
Tenho entendido, a propósito do tema sob retina, que o ser humano, para cultivar a virtude, deverá, todos os dias e sempre, buscar uma imersão interior, ou seja, questionar, ponderar, refletir, intensamente, sofregamente, sobre a sua conduta e o seu comportamento ante as questões morais – altruísmo, honestidade, liberdade, igualdade, lealdade, tolerância – para, definitivamente, encontrar o caminho iluminado da virtude.
É preciso consignar que, nessa linha de pensar, nós nunca estaremos sozinhos, e que, como seres sociais, nunca deixaremos de ser influenciados, às vezes profundamente, pelas pessoas que estão em nosso entorno, daí, repito, a relevância da família, onde podem vicejar as virtudes que nos levem a sublimar os valores morais.
Diante dessa constatação, é forçoso, imperativo mesmo que construamos uma rede de relacionamentos virtuosa e saudável, do tipo que sublime justiça, equidade e respeito pelo semelhante.
É isso.