Saudade da 7ª Vara Criminal

Passei sete dias com uma virose que me derrubou. Ainda assim, fui quase todos os dias ao Tribunal de Justiça. Não participei das sessões por falta de condições físicas. Mas segunda-feira estarei apostos. Mas não estou ansioso. A segunda instância, até agora, não exerceu sobre mim nenhum fascínio. Tenho saudade da primeira instância. Lá, sim, eu era feliz. O solitário ato de julgar me fascina. Poder dividir comigo mesmo as minhas inquietações me estimula. Se pudesse voltar no tempo, voltaria. Se fosse possível passar apenas uma temporada no Tribunal e voltar em seguida à primeira instância, seria o máximo. Quando me preparo para sair de casa, muito cedo, ainda me vem a doce sensação de que vou ao Fórum cuidar dos meus processos, me esmerar na arte de julgar. Mas não! Quando dou por mim estou na porta do Tribunal, onde nunca fui feliz, de onde só tenho más lembranças. Não sei até quando vou suportar. Estou me esforçando. Estou tentando. Mas tudo é muito diferente. Os olhares são diferentes, os cumprimentos são diferentes. Parece tudo sem alma. Tudo muito vazio, triste, inodoro, insípido…Sei não! Eu vou precisar de muita prece para não deixar tudo prá trás. Eu não estou feliz! Mas eu quero ser feliz profissionalmente! Eu sempre fui feliz julgando! Mas algo me faz falta. Até mesmo o carinho dos meus funcionárias, que era como que um bálsamo para mim, agora parece distante. Tenho saudade de Laize, Denise, Yolanda, Sandra, Welda como eram antes: lá na 7ª Vara Criminal. Não esqueço de Azenate, Laila, Hairan, Juan e outros, agora tão distantes. Mas não vou sucumbir. Vou em frente. Vou tentar, pelo menos.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

10 comentários em “Saudade da 7ª Vara Criminal”

  1. Caro José Luiz,
    Estive no TJ na 4ª feira, tratar de um assunto da vara em que trabalho (estou de férias) e dei uma passada no pleno, ocasião em que senti a sua falta, quando depois li no seu blogue que estavas doente. Estimo o seu pronto restabelecimento.
    Durante o tempo em que estive no pleno pude perceber que o tratamento que os seus pares dispensam uns aos outros, em sua grande maioria, é de uma descortesia sem tamanho. Confesso que fiquei triste e envergonhada com tamanha falta de trato humano.
    Espero que a sua presença torne o ambiente mais cortês.
    Um forte abraço,
    Marilse Medeiros

  2. Para nós o ambiente da 7ª Vara, com toda a equipe, também é saudoso, era mais aconchegante ter todos mais próximos – até a hora do cafezinho e do lanche era mais agradável. Mas devemos pelo menos tentar, pois toda mudança passa por um período de adaptação (a exemplo do casamento)!

  3. Acho que consigo ter uma noção do o senhor está sentindo, porque, tendo trabalhado durante quatro anos na 7ª, também sinto saudades, imagino então uma vida de dedicação e muita história… de fato, é muita mudança, um processo de adaptação ao novo que, no início, pode gerar esse desconforto… mas acredito que seja um desafio de tornar tudo melhor, e espero poder contribuir pra que tudo fique o mais agradável possível!

  4. Dr. José Luiz se a saudade continuar a incomodá-lo, volte para cá,o aceitamos de volta na 7ª Vara Criminal.Sentimos muita sua falta também tchu tchu!As coisas aqui estão mudando e perdendo de pouquinho em pouquinho a sua cara. As vezes ainda coloco seu nome nos documentos expedidos para a irritação dos novos magistrados,kiki.Jamais esqueceremos o maravilhoso ser humano, chefe, pai, amigo que és.
    Um forte abraço em nome dos seus antigos funcionários: Hairan,Juan, Layla e Azenate.

  5. Caríssimo Dr. José Luiz,
    Ficamos emocionados pelo fato de saber que o senhor sente saudades de nós e queremos afirmar que esse sentimento é recíproco. Contudo, apesar da falta que nos faz, vamos continuar torcendo para que o senhor possa “se encontrar” aí no TJ e, acima de tudo, voltar a ser feliz profissionalmente como sempre foi.
    Não desanime, não esmoreça jamais, até porque isso nunca fez parte do seu perfil.
    Um grande abraço,
    Azenate

  6. A SAUDADE FAZ PARTE DE NOSSAS VIDAS, MOSTRA QUE O NOSSO PASSADO FOI BOM. VOSSA EXCELÊNCIA PODERIA, SIM, RETORNAR À PRIMEIRA INSTÂNCIA, SUBMETENDO-SE A NOVO CONCURSO PÚBLICO, NO QUAL SERIA APROVADO COM CERTEZA. MAS, O SEU LUGAR HOJE É NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA, SOMANDO FORÇAS COM OUTRAS BOAS CABEÇAS DAQUELA CASA DE JUSTIÇA. SIGA EM FRENTE, E QUE, NO FUTURO, APÓS CUMPRIR SUA MISSÃO DE MAGISTRADO, TAMBÉM TENHA SAUDADES DA SEGUNDA INSTÂNCIA. SUCESSO DESEMBARGADOR JOSÉ LUIZ.

  7. Meu caro José Luiz.

    Eu também sinto saudades suas, pois nos últimos três anos acostumei-me a cumprimentá-lo todos os dias bem cedo ao chegarmos ao Fórum.

    Que Deus todo poderoso te proteja e, não tenha nenhuma dúvida, a felicidade baterá em sua porta.

    Receba um fraterno abraço.

    Gilberto de Moura Lima.

  8. Caro Dr., é uma perda instimável sua saída da 1a instância. Talvez – não sei ao certo -, lá, no monocrático, v. exa. podia fazer (como fazia) a diferença; aí, no colegiado, poderá não passar de um “voto vencido”. Enfim, penso que é melhor ser cabeça de sardinha que rabo de tubarão.

  9. Caro Des. José Luiz, nós não nos conhecemos, pessoalmente, muito embora tenha sempre ouvido falar muito bem do senhor, o que hora é ratificado, dentre outros, pela Márcia Pires Nahuz, sua atual colaboradora e minha ex-colega no Gabinete do Des. Stélio…
    Leio o seu blog, diariamente, dentre vários outros da área jurídica, para meu aprendizado, minha docência e como fonte para o meu blog, que, solicito, na medida do possível, visite e comente (endereço supra)…
    Fiquei preocupado com o artigo sob análise e só não comentei antes pelos muitos afazeres, além de uma virose, que também me derrubou…
    Gosto muito de uma frase do meu companheiro – jornalista – Silvan Alves, que diz que “não é melhor, nem pior que ninguém, apenas é diferente”…
    Pois bem, sinto que o senhor, assim como eu e alguns poucos, infelizmente, “somos diferentes”, e isto, obviamente, nos incomoda, até pelo incômodo que causa aos iguais…
    Encontrei boa parte da solução para isso ao casar-me com uma competente psicóloga, de sorte que peço vênia para sugerir-lhe fazer análise; certamente lhe ajudará a entender a si e aos outros, sem sofrer tanta angústia e amargura…
    No mais, continue valorizando esse que é o maior patrimônio que podemos ter – nosso valor moral, nossa consciência, nosso nome, ou seja lá qual for essa diferença – entendendo o que é a pluralidade do colegiado, sem isolamento, para ratificar os ensinamentos de Martins Luther King sobre o “silêncio dos justos”…
    Respeitosamente,
    Heraldo Moreira

  10. Dr. José Luiz,

    Não sucumba, pois só estaria dando margem àqueles que não o querem no lugar que hoje Vossa Excelência ocupa e, tenho plena certeza que os juridiscionados ficarão mais pobres, já que não terão a nível de segundo grau o seu senso de justiça, já que, para o senhor, o processo não tem capa e sim conteúdo.
    Estava presente na sua primeira sessão da Câmara Criminal e, para os que esperavam anciosamente por esse dia, ficou patente que o Senhor continuará julgando com o mesmo brilhantismo que outrora.
    Que Deus continue iluminando os seus caminhos e nós orando pelo Senhor.

    Abraços Fraternos

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