Para refletir

Ladrão encara latrocínio como “acidente”

Para cientista político, intenção do criminoso é roubar e não matar; por isso, diz, vítima não pode nunca reagir

Guaracy Mingardi, ex-secretário nacional de Segurança, afirma que o latrocínio é um crime muito difícil de evitar

FOLHA DE SÃO PAULO

“Quando o ladrão mata alguém para roubar, o assassinato é encarado por ele como um acidente de trabalho e, justamente por isso, o latrocínio sempre será uma modalidade criminal bastante difícil de evitar e de esclarecer.”
A opinião é do cientista político Guaracy Mingardi, ex-subsecretário nacional de Segurança Pública e ex-policial civil que trabalhou nos anos 80 na área do 37º DP, no Campo Limpo (zona sul), delegacia que mais registrou latrocínios na cidade em 2010.
Muitos latrocínios ocorrem porque as vítimas, até sem querer, reagem. Reações não violentas podem ser desde um movimento brusco ou uma tentativa de fugir. Por isso, na análise de Mingardi, as vítimas nunca devem reagir.
“É claro que encontramos loucões que saem para a rua e não estão nem aí para a vida de ninguém, mas esses são a minoria. O ladrão não quer ser procurado por um crime muito mais grave do que o roubo”, explica. O latrocínio dá de 20 a 30 anos de prisão; o roubo, de 4 a 10.
Mingardi defende que a Secretaria da Segurança Pública divulgue em seu site dados por cada região específica. Isso já ocorre em cidades como Londres e, no Brasil, em Belo Horizonte.
Em São Paulo, a cada trimestre, são disponibilizados dados apenas da capital, Grande São Paulo e interior.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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