Pobre Cururupu – II

Estive, no feriadão, em Cururupu. Pude constatar,  já no trecho entre Cujupe e Pinheiro, a falta de zelo –  para dizer o mínimo – dos nossos administradores quando a questão envolve verba pública.

A estrada em comento, relativamente nova, não resistirá ao próximo inverno, o que entremostra, a toda evidência, que a sua construção não obedeceu aos padrões técnicos que se exige de uma rodovia com tráfego tão intenso.

É dizer: as estradas, em nosso Estado, são feitas para durar apenas um verão.

As razões?

Todos sabemos.

Não há nada que se construa no Estado do Maranhão que não melhore a vida de algum oportunista.

E o interesse público?

Para eles, pouco importa!

Mas não é só!

Chegando em Cururupu (refiro-me à sede), o desalento é maior. 

As principais avenidas da cidade estão intrafegáveis, pois há verdadeiras crateras abertas pelas chuvas, sem que se tome qualquer providência.

É como se os homens públicos da terra estivessem anestesiados!

É como se fosse pra ser assim mesmo!

Argumentar-se-á que várias ruas da periferia da cidade receberam asfalto. 

É verdade! Como é verdade, também, que se trata, a toda evidência, de um engodo.

Explico.

Grande parte do asfalto colocado no verão passado já foi levada pelas chuvas, vez que foi colocado sem qualquer critério, sem qualquer avaliação técnica, sem qualquer infraestrutura, sem qualquer cautela, com total displicência, com absoluto descaso – só para enganar, apenas para ludibriar os tolos, incautos e inocentes.

Mais breve que se imagina as ruas estarão, novamente, sem a camada asfáltica.

É só esperar para ver!

É ou não é falta de sensibilidade, de zelo e respeito pelo cidadão e pela cidade?

Um fato, para ilustrar:

Na sexta-feira, dia 09 do corrente, pela manhã – recordo bem – , estando no terraço da minha casa, que fica na praça principal, assisti, estupefato, a uma cena que traduz a situação de abandono da cidade.

Pois bem. De onde eu estava, vi algumas pessoas da comunidade, cerca de seis pessoas de uma mesma família, com sacos plásticos, recolhendo o lixo que se acumulava na praça.

Repito: na praça principal e cartão postal da cidade!

Pode!?

Claro que pode!

Em Cururupu, terra sem lei, sem ordem e sem autoridade – pelo menos essa é a impressão que tenho -, tudo pode.

A atitude dos moradores a que me reportei acima, além de ser uma manifestação de cidadania e de amor pela cidade, traduz-se, ademais, desde a minha percepção, numa manifestação de desalento e desagravo pelo mal que se tem feito contra a outrora aprazível cidade de Cururupu.

Não é só!

Em qual cidade do Brasil você imagina que qualquer pessoa, seja de que idade for, com ou sem habilitação, pode pilotar moto?

Não sabe?

Vá a Cururupu e terá a resposta.

Em qual cidade do Brasil motoqueiro não usa capacete?

Não sabe?

Respondo eu: em Cururupu!

Existe alguma cidade do Brasil com a força pública mais deficiente que Cururupu?

Não sabe?

Se existe, eu também não sei!

Em qual cidade do Brasil a sede da prefeitura está prestes a ruir?

Se não sabe, vá a Cururupu!

Em qual cidade do Brasil – e do mundo – existe um calçadão com uma inclinação de noventa graus, desaconselhável, por isso, para caminhadas?

Em Cururupu, claro; consequência do desapreço de quem a dirige pela sua gente.

Aeroporto?

Cururupu não tem!

Saúde pública?

Em Cururupu está um caos, ao que se comenta na cidade.

É ou não é lamentável?

Digo eu, outra vez: pobre Cururupu.

Os filhos de Cururupu, que têm manifestado tanto amor pela terra, precisam se unir para tentar sobrepujar essa situação de verdadeiro descalabro.

Eu, de minha parte, em face da minha condição de magistrado, farei apenas o que não for incompatível com o meu cargo.

Como está, entendo que não pode ficar.

Um registro: eu tenho autoridade para fazer essas denúncias, em face dos meus vínculos afetivos com a cidade, já demonstrados à exaustão.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

2 comentários em “Pobre Cururupu – II”

  1. SOU CURURUPUENSE ESTIVE EM JULHO NESTA NOSSA CIDADE QUE É MARAVILHOSA COM UM GRUPO DE AMIGOS E PUDE OBSERVAR O DESCASO DA NOSSA CIDADE SEM PREFEITO, JOGADA AO LÉO, IMAGINA VOSSA EXCELENCIA QUE FOI AGORA DEVE ESTA´PIOR DO QUE ANTES.

  2. É TRISTE, MAIS TENHO QUE CONCORDAR, CURURUPU, HÁ MUITOS ANOS, CRESCE COMO RABO DE CAVALO, PRA BAIXO. VAMOS, ESPERAR EM DEUS, QUE O NOVO PREFEITO TENHA BOA VONTADE E TRABALHE PARA TERMOS UMA CIDADE MELHOR E CONSEQUENTEMENTE UM POVO MAIS FELIZ. JESUS SEJA COM TODOS.

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