Quanto mais conhecemos a estrutura e o funcionamento do cérebro e seus milhões de neurônios, mais nos damos conta do quão difícil é definir quem é normal, o que é ser normal.
O mais grave é que os paradigmas para definir quem é normal somos nós mesmos.
Assim é que só podemos concluir que alguém não é normal se concluirmos que somos normais.
Mas aí vem a indagação: e se o paradigma for anormal?
Outra indagação, inevitável: se quem se julga normal é anormal, mas imagina-se normal, o objeto da cognição é normal ou anormal?
Veja só que confusão!
Eu, muitas vezes, cá do meu canto, testemunho as atitudes de um semelhante e julgo-as de pessoa anormal; portanto, o sujeito da ação é anormal, desde o meu ponto de observação.
É preciso reafirmar, nada obstante, que só posso concluir que o semelhante é anormal porque me julgo normal.
E quem garante que eu sou normal?
É forçoso indagar: posso concluir pela anormalidade de alguém se nem eu mesmo sei se sou normal, se posso ser normal apenas e tão somente em face das minhas próprias avaliações?
O que é ser normal, finalmente?
Confesso que não sei. Só sei que quem faz reflexões do tipo das que faço agora, sem lógica e sem nexo, só pode mesmo ser anormal.
Então, eu sou anormal!
E você, que perdeu tempo lendo estas bobagens, se julga normal ou anormal?
Olhe para quem está bem perto de você, defino-o como paradigma, para, afinal, concluir se você é normal ou não.
Mas, atenção: faço-o ciente de que o paradigma pode ser normal e aí, se concluires que ele é anormal, o anormal pode ser você.