O que é ser normal?

Quanto mais conhecemos a estrutura e o funcionamento do cérebro e seus milhões de neurônios, mais nos damos conta do quão difícil é definir quem é normal, o que é ser normal.

O mais  grave é que os  paradigmas para definir quem é normal somos nós mesmos.

Assim é que só podemos concluir que alguém não é normal se concluirmos que somos normais.

Mas aí vem a indagação: e se o paradigma for anormal?

Outra indagação, inevitável: se quem se julga normal é anormal,  mas imagina-se normal, o objeto  da cognição  é normal ou anormal?

Veja só que confusão!

Eu, muitas vezes, cá do meu canto, testemunho as atitudes de um semelhante e julgo-as  de pessoa anormal; portanto, o sujeito da ação é anormal, desde o meu ponto de observação.

É preciso reafirmar, nada obstante, que só posso concluir que  o semelhante é anormal porque me julgo normal.

E quem garante que eu sou normal?

É forçoso indagar: posso concluir pela anormalidade de alguém se nem eu mesmo sei se sou normal, se posso ser normal apenas e tão somente em face das minhas próprias avaliações?

O que é ser normal, finalmente?

Confesso que não sei. Só  sei que quem faz reflexões do tipo das que faço agora, sem lógica e sem nexo, só pode mesmo ser anormal.

Então, eu sou anormal!

E você, que perdeu tempo lendo estas bobagens, se julga normal ou anormal?

Olhe para quem está bem perto de você, defino-o como paradigma, para, afinal, concluir se você é normal ou não.

Mas, atenção:  faço-o  ciente  de que  o paradigma pode ser normal e aí, se concluires que ele é anormal, o anormal pode ser você.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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