De estarrecer

Foi de estarrecer a cara de surpresa de alguns políticas em face das denúncia veiculadas no Fantástico a propósito das fraudes nos processos licitatórios. É como se eles nunca tivessem ouvido falar em fraudes em licitações. É como se eles vivessem num mundo de sonhos. É como se eles não soubessem dos caminhos por onde se esvaem as verbas públicas.

Se aprofundarem as investigações – nas quais não creio – saberão de muito mais. Essa denúncia é apenas o lado visível de um mundo subterrâneo onde escrúpulo e honestidade são artigos de luxo.

O mais estarrecedor foi assistir um fraudador dizer que é isso que ensina para os filhos.

A verdade é que, por mais alienado que se possa ser não há quem não saiba dessas – e de outras tantas – artimanhas encetadas para surrupiar verbas públicas, afinal, importa indagar, a propósito, de onde vem a dinheirama que financia as campanhas eleitorais e enriquece ilicitamente boa parte dos homens públicos do Brasil?

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Um comentário em “De estarrecer”

  1. Com todo respeito Desembargador, este tipo de situação não estarrece mais quase ninguém.

    Basta cada agente público olhar para dentro do Poder que trabalha.

    E digo isso para o Senhor também, que é um homem íntegro ilibado e coerente.

    Experimente fazer isso. Olhe para dentro do TJ do Maranhão. Ou melhor, não desça muito. Olhe somente para o 2º Grau, apenas para o plenário do Tribunal.

    Quantos colegas seus Desembargadores o Senhor tem a coragem de apontar e dizer: “Por esse eu coloco a mão no fogo”?

    Tenho certeza, a conclusão será triste e desistimulante…

    Um grande abraço de quem muito admira sua honradez e honestidade, atributos raros no mundo atual.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.