As eleições são sempre reveladoras. Muitas vezes nos surpreendemos – embora não devéssemos – com a atitude de certas pessoas que imaginávamos equilibradas. Outras vezes, nos surpreendemos com a atitude de outras que julgávamos civilizadas. O que não surpreende mesmo é a falta de sensibilidade dos que assumem o poder pensando apenas nos seus interesses pessoais e de uns poucos congêneres, da mesma envergadura moral.
Definitivamente, as disputas eleitorais mexem com o emocional das pessoas, por isso elas se revelam. Não são muitos, afinal, os que, sob a influencia da paixão e da emoção, conseguem manter o equilíbrio.
As pugnas eleitorais, por outro lado, reafirmam aquilo que estamos cansados de saber: os eleitos, muitos dos quais viciados em privilégios, quase sempre se apropriam do espaço público como se fosse o quintal de sua residência. Depois da apropriação, vem, como consequência, o enriquecimento ilícito, a ostentação, o esbanjamento, decorrentes da visão estreita – ou arrogante – de quem pensa que tudo pode, e crer na impunidade – até que um dia, finalmente, a casa cai.
Mas enquanto a casa não cai – porque, , afinal, a justiça tarda e muitas vezes falha -, da patrimonialização do estado resulta aquilo que todos vemos: o deficit de educação, de saúde, de saneamento, de habitação, de oportunidades de vida digna.
Até quando?
Nessa semana me peguei pensando nesse assunto e me lembrei que desde os idos de 1998, quando exerci meu primeiro direito ao voto, as mesmas questões foram feitas e a falta de resposta é sempre a mesma.
Por isso, engrosso o coro:
Até quando?