Nós, vítimas

Se você tem interesse em saber por que haverá um aumento de 9% acima da inflação nos planos de saúde, basta ler a entrevista da médica Lígia Bahia, professora do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, há anos pesquisando o setor de saúde no país.

Em determinado fragmento da entrevista, a propósito da Agência Nacional de Saúde, órgãos fiscalizador(?) do segmento, que, na sua avaliação tem servido mais às empresas que aos consumidores, a médica afirmou que há “uma captura do órgãos regulador por quem é regulado, com a presença, na diretoria, de executivos que vêm das empresas“.

Mais adiante: […] Então, neste momento, a diretoria da agência está com duas pessoas das empresas, uma da Amil e uma da Hapvida. A Amil fez doações milionárias para a campanha da presidente Dilma Rousseff e do governador Sérgio Cabral, e o representante da Hapvida foi indicado pela bancada do Nordeste”.

Prossegue: “ o fato desses empresários entrarem na agência tem repercussão prática e dramática. Esta semana, por exemplo, foi anunciado um aumento para os planos de saúde com um índice de mais de 9% acima da inflação, acima dos aumentos salarias[…]

Noutro excerto relevante: “[…]Desde que ANS foi organizada sempre houve um vigilante do mercado dentro da agência, mas agora a relação está invertida: tem mais gente do mercado, estão ocupando muitos cargos[…]”.

Deu para entender agora as razões da perda de qualidade do sistema privado de saúde?

Deu para entender porque o aparelhamento do estado nos faz tanto mal?

Leia entrevista completa no jornal o Globo, de hoje

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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