Principio essas reflexões com uma história, a propósito do Selo Diamante de Qualidade alcançado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão.
Pois bem. Com o resultado alcançado, sobretudo em face dos nossos índices de produtividade, um colega, de outra unidade da Federação, indagou de mim, no mesmo dia do reconhecimento, qual arma utilizamos para alcançar o destaque.
Eu respondi, brincando, que usei a arma da sedução para unir meus pares em torno do projeto, sobretudo no eixo produtividade, que exigia maior engajamento de um número mais abrangente de pessoas: magistrados de primeiro e segundo graus, Ministério Público e servidores em geral.
Ele, de pronto, disse a mim que precisava aprender comigo, porque não sabia usar a arma da sedução.
Claro que a minha resposta foi apenas uma brincadeira, afinal o que nos conduziu mesmo ao Selo Diamante foi uma soma de circunstâncias, aliada à determinação de todos em fazer o melhor, sendo irrelevante, decerto, qualquer sedução pessoal.
Foi a partir dessa historinha despretensiosa e galhofeira que me vi inspirado para as reflexões de hoje, quanto a arma da sedução, e do quanto ela pode representar nas nossas relações, convindo anotar, para evitar interpretação desvirtuada, que sedução, no sentido aqui empregado, é a que fascina, que encanta, que concita, que conclama e que une.
Tenho reafirmado a propósito, o meu compromisso de ser cada dia uma pessoa melhor, ciente de que só haverá dias melhores se nos comprometermos em ser melhores também, pois que da bondade resulta a sedução consequente.
Pese a obviedade da afirmação, não é isso que todos temos testemunhado.
As redes sociais – e o que habita nela de mais nefasto – estão aí para provar que temos sido – muitos de nós, é forçoso admitir -, todos os dias, um pouco piores; pelo menos é o que constato em face do que vejo e leio.
Apesar dessa constatação, eu, de meu lado, aposto na minha conduta e no meu exemplo, pese todos os meus pecados e equívocos, para dar a minha contribuição para que o mundo seja melhor, tentando, nesse afã, como dito acima, ser melhor todos os dias.
Eu aprendi, com as surras que levei da vida, que a bondade seduz, abre portas, contamina positivamente as relações, contribui para a boa convivência, tornando a vida mais agradável.
Estou convicto de que é, sim, mais fácil seduzir sendo bom, não sendo arrogante; aliás, a arrogância nunca seduziu ninguém, a não ser os próprios arrogantes, para os quais, a estupidez e a incivilidade, acreditam, são uma arma poderosa.
Eu, cá do meu lado, não quero vencer um debate, e nem quero conquistar nada que não seja pela sedução; sedução pela boa ação, pelo bom comportamento, pela palavra respeitosa, pela tolerância, pela capacidade de convencer em face dos bons argumentos.
Nesse sentido e nesse afã, não me apraz, nas minhas relações, a manipulação semântica, o desvirtuamento da palavra, enfim.
Eu me recuso a seduzir fazendo uso da desonestidade intelectual, da artimanha e/ou pela manipulação da verdade, como tenho visto, por exemplo, na ação dos lacradores abrigados nas redes sociais.
O desonesto intelectual, como sabido, se vale de dados ou argumentos que sabe ser falsos ou incompletos, para auferir vantagens que não teria se usasse apenas a arma da sedução/convencimento.
Eu, definitivamente, não almejo vencer um debate de ideias com subterfúgios, fugindo do tema, tangenciando a verdade, manietando os fatos.
Quero vencer, sim, mas à luz de argumentos construtivos, sem artimanhas, sem estratégias e ardis enganosos, sendo essas as armas que me permito usar para seduzir.
A propósito, Arthur Schopenhauer, em Como Vencer um Debate sem Precisar ter razão, ensina que, quando percebermos que o adversário tem razão, devemos nos tornar ofensivos, insultantes e indelicados.
Eu, de meu lado, prefiro seguir o caminho oposto.
Eu não me permito sair do objeto da discussão para usar ofensas pessoais como arma argumentativa.
O melhor mesmo, enfim, em qualquer circunstância da vida, é a sedução; mas não a sedução no sentido mesquinho da palavra. Sedução, sim, pelos bons argumentos, pelo confronto elegante das ideias, e, fundamentalmente, com honestidade intelectual.
É isso.