Muito estranho

Pouco dias depois de promovido fui surpreendido com a reação de um funcionário que deixou o interior de um dos elevadores do Tribunal, logo que me viu entrar no mesmo. Ontem o episódio se repetiu. Me dirigi a um dos elevadores e constatei que um senhor, moreno, de um metro e setenta, mais ou menos, já estava esperando o mesmo elevador. O elevador chegou e eu, claro, entrei no mesmo. Para minha surpresa, o cidadão que esperava o mesmo elevador e que tinha chegado antes de mim, não entrou comigo no elevador, o que me causou espanto. Em face de sua reação, o chamei para que subisse comigo, o que efetivamente foi feito. Hoje, pela manhã, para completar, uma universitária que foi me entrevistar foi barrada porque estava com uma blusa de alça. Nada extravagante, ao que vi. Roupa até muito comportada, consigno. Todavia, ainda assim, foi barrada. Só entrou porque mandei uma das minhas funcionárias lhe emprestar um casaco.

Esses episódios me estarrecem. Por que as pessoas se recusam a entrar no mesmo elevador no qual se encontra um desembargador? Em que somos melhores que os nossos funcionários? Em que isso nos diminui? O que de tão acintosa havia na roupa da universitária que não a deixaram entrar? Que falso moralismo é esse?

Não sei não…Acho que está na hora de revermos a nossa postura diante de determinadas questões. Por essas e por outras que desembargador é antipatizado. Eu me recuso a participar dessa forma velada de discriminação.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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