Vontade de “ir-me”

Os juízes que dão assistência integral às unidades judiciais  deveriam estimular  qualquer  medida tendente a prestigiá-los e que, no mesmo passo, buscam impedir a ascensão dos que insistem em dar assistência parcial às comarcas.

É preciso ter presente que, quando adoto uma posição – antipática aos olhos dos TQQs, se é que existem – que busca prestigiar os magistrados de  dedicação integral, eu estou apenas e tão somente prestigiando a própria classe e o nome da nossa instituição.

Impressiona, assim, o silêncio “ensurdecedor” da quase totalidade dos meus pares acerca dessa questão.

Fico a imaginar, às vezes, que estou errado ou que não vale a pena adotar esse tipo de posição, que, ao que parece, não agrada nem mesmo à OAB e ao Ministério Públicos,  dos quais não se vê nenhuma manifestação tendente a apoiar esse tipo de medida.

Ortega y Gasset narra que a História registra, periodicamente, movimentos de “querer ir-se“, conforme aconteceu com os eremitas, que foram  para o deserto praticar a “moné” – solidão.

Confesso que, algumas vezes, tenho, também, vontade de “ir-me“. É dizer: tenho vontade de deixar de empunhar essa bandeira, pois, em face dela, eu apenas granjeio, ainda mais, a antipatia da classe.

Digo isso porque, desde que assumi a segunda instância, empunhando essa e outras bandeiras relevantes para o Poder Judiciário, só tenho alcançado desapreço e desafetos.

Antes de “ir-me”,  até que chegue o dia de praticar o “moné“, de retornar à minha já proverbial condição de quase ermitão, ainda vou continuar lutando.

Até quando?

Não sei.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

3 comentários em “Vontade de “ir-me””

  1. PODE TER CERTEZA QUE O SENHOR NÃO ESTÁ SOZINHO NESTA LUTA! FALO COMO CIDADÃ E FUTURA OPERADORA DO DIREITO QUE MUITOS SUSTENTAM ESTA BANDEIRA.

  2. Sei que algumas vezes somos quase obrigados a desistir dos nossos ideais em virtude das dificuldades, incomprrensões, enfim. Entretanto, quando se trata de defender o que é certo, o que é justo, não dá pra silenciar. Portanto, aqui vai o meu pedido, que creio ser o da maioria dos seus amigos e leitores: NÃO SE VÁ!!!!!!! Ao contrário disso, fique conosco o máximo possível, com atitudes que fazem toda a diferença no judiciário maranhense.
    Um abraço,

  3. Prezado José Luiz
    O senhor pode até ir até porque não está certo. Está certíssimo.

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