Tenho por rotina, aos finais de semana, me reunir com uns poucos amigos/parentes, para um dedo de prosa – e muitas gargalhadas.
Sorrir me faz um bem enorme.
Gosto de uma sonora gargalhada.
Quem tem prazer de viver tem que ter prazer de sorrir.
A vida, para mim, é uma festa. Não há, portanto, razão para não sorrir e ser feliz.
Há quem não ache graça de nada. Não é meu caso.
Eu só não gosto – e não aceito, e, às vezes, me revolto, conquanto não reaja – é do humor cretino, daqueles que se faz para escrachar um igual, como se fosse um vingança – ou ainda que seja pelo simples prazer de sacanear.
Definitivamente, não gosto de dar risadas por conta do constrangimento de ninguém.
A eleição de alguém para ser vítima de gozações não me apraz; antes, me agasta.
É preciso, sim, ter bom humor na vida, como é importante ser gentil, amar e ser amado, beijar e ser beijado – viver a vida, enfim, com leveza.
A verdade é que a gente não se pode levar muito a sério.
Penso que a vida será mais fácil se a levarmos sem que fosse um fardo, expungindo, sempre que possível, os nossos preconceitos e as nossas mágoas, dando vazão aos bons sentimentos.
Aceito – e muitas vezes até provoco – o humor malicioso, mas não aceito a maldade.
Humor, gozação por pura maldade, não aceito.
Sorri do semelhante pelo prazer de constrangê-lo, não me faz bem.
A propósito, convém reafirmar o que todos sabemos: nós somos em adulto o resultado do muito que sofremos, do que padecemos em criança.
Vou fazer uma confissão: fui vítima das brincadeiras mais absurdas ( hoje bullyng), ao tempo de estudante do segundo grau.
Ao longo da minha vida estudantil – e já agora, depois de adulto – sempre procurei entender porque razão eu era, quase sempre, o alvo das gozações dos meus colegas ginasianos.
Quando supunha que jamais encontraria respostas para essas inquietações, encontrei, não faz muito tempo, um contemporâneo de ginásio, que decidiu me visitar, para me dar um abraço de felicitações em face do meu acesso ao TJ/MA, convindo anotar que a demora é decorrente do fato de ele morar em outro Estado da Federação.
Ele chegou, deu-me um abraço apertado, para, emocionado, com a voz embargada, dizer:
– Eu sabia que tu ias longe. Tu eras muito certinho, muito correto. Só podia dar nisso mesmo.
As palavras dele foram como uma espada me lacerando o peito, atingindo em cheio o meu coração. Por elas compreendi por que me apelidavam, puxavam meus cabelos, escondiam os meus sapatos e meus pertences, dentre outras “brincadeiras” humilhantes.
A explicação, depois de muito anos, é uma só: eu era muito certinho.
Tinha que pagar o preço!