Desvio ético?

Sei que, com o meu discurso de posse, despertei a inveja ( então latente) de alguns. Ter sido quase ovacionado, ter sido aplaudido de pé, ter o discurso entrecortado por diversas palmas, causam, sim, inveja, esse sentimento menor que, infelizmente, ainda viceja, sobretudo nas corporações.

Ao invés de as pessoas – poucas, registre-se – se magoarem comigo, de fecharem a cara quando me vêem, de arquitetarem alguma vendeta, o correto seria, com a devida altivez, reconhecer que tudo o que eu disse no meu discurso de posse, foi arrimado em fatos incontroversos.

Quando me dispus a fazer o discurso que fiz, não o fiz motivado por um sentimento menor. Pena que muitos não tenham alcançado a dimensão e a finalidade do que foi a minha fala. Negar que vivemos uma séria crise moral, obscurecer que o Poder Judiciário tem sido profanado em face da conduta de uns poucos, não admitir que precisamos, sem mais demora, de uma assepsia ética, é querer tapar o sol com a peneira.

O que a mim me constrange, sinceramente, depois de tudo, é procurarem, no meu discurso, um desvio ético para me punir. É uma baita contradição querer punir quem faz um discurso fazendo apologia da moralidade pública.

Eta, Maranhão! É por essas e outras que somos tão malvistos lá fora.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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