O que se espera de um homem público

O homem público, sobretudo, não pode ser insensível. Se não tiver sensibilidade, não pode ser homem público.

A propósito, o então presidente do Estados Unidos, George W. Bush, por ocasião  das enchentes causadas pelo furacão Katrina, que matou 1.826 pessoas, em Nova Orleans,  limitou-se a sobrevoar a área, a bordo do Force One, deixando entrever, a primeira vista,  a sua falta de compromisso para com as vítimas.

Agora, em sua autobiografia ( Decison Points), ele  se penitencia:

“A imagem de eu pairando acima da devastação sugeria um descolamento do que as pessoas estavam sofrendo. Não era como eu me sentia. Mas, uma vez que a opinião pública estava formada, eu não poderia mudá-la”.

Compreendo que as autoridades, diante de questões que tais, têm o dever de sair do conforto do ar condicionado para ir onde o povo está. Isso mostra, no mínimo, sensibilidade e compromisso com a causa.

É inconcebível que uma autoridade, diante de uma catástrofe, não se digne a, pelo menos, mostrar a cara, para dizer ao povo que está com ele solidário.

Os exemplos de solidariedade não podem ser dados apenas pelas pessoas mais humildes, como tem sido a regra.

Se é verdade, como dizia Silvio Romero – de quem ouso discordar – , que o homem não pode ser coagido a praticar o bem e que não é dever do Estado suprir a miséria, não é menos verdadeiro que do homem público se espera que uma força interna o impulsione para fazer o bem, para minimizar os efeitos das tragédias que decorram dos fenômenos naturais, para  demonstrar solidariedade e dar um pouco de  esperança ao povo que o elegeu para dirigir os seus destinos.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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