O homem público, sobretudo, não pode ser insensível. Se não tiver sensibilidade, não pode ser homem público.
A propósito, o então presidente do Estados Unidos, George W. Bush, por ocasião das enchentes causadas pelo furacão Katrina, que matou 1.826 pessoas, em Nova Orleans, limitou-se a sobrevoar a área, a bordo do Force One, deixando entrever, a primeira vista, a sua falta de compromisso para com as vítimas.
Agora, em sua autobiografia ( Decison Points), ele se penitencia:
“A imagem de eu pairando acima da devastação sugeria um descolamento do que as pessoas estavam sofrendo. Não era como eu me sentia. Mas, uma vez que a opinião pública estava formada, eu não poderia mudá-la”.
Compreendo que as autoridades, diante de questões que tais, têm o dever de sair do conforto do ar condicionado para ir onde o povo está. Isso mostra, no mínimo, sensibilidade e compromisso com a causa.
É inconcebível que uma autoridade, diante de uma catástrofe, não se digne a, pelo menos, mostrar a cara, para dizer ao povo que está com ele solidário.
Os exemplos de solidariedade não podem ser dados apenas pelas pessoas mais humildes, como tem sido a regra.
Se é verdade, como dizia Silvio Romero – de quem ouso discordar – , que o homem não pode ser coagido a praticar o bem e que não é dever do Estado suprir a miséria, não é menos verdadeiro que do homem público se espera que uma força interna o impulsione para fazer o bem, para minimizar os efeitos das tragédias que decorram dos fenômenos naturais, para demonstrar solidariedade e dar um pouco de esperança ao povo que o elegeu para dirigir os seus destinos.