Reforma penal

IMPROPRIEDADES DA PROPOSTA

 

reale_jrPara Miguel Reale Jr., reforma do CP será “vergonha”

A partir da próxima quinta-feira (28), as discussões em torno da proposta de reformulação do Código Penal prometem ser retomadas com a presença do jurista e ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior a uma audiência pública na comissão especial do Senado que analisa do assunto.

“Eu vou levar a nossa contribuição que não é só uma manifestação minha, mas, na verdade, retrata a posição de cerca de 20 entidades, seja do Ministério Publico, da associação de advogados, e dos institutos de direito e criminologia. Vamos levar nossas preocupações e muito tecnicamente analisar as questões que nos preocupam intensamente com relação às impropriedades que o projeto apresenta”, disse o criminalista à Agência Brasil.

Reale é declaradamente um dos maiores críticos do texto – entregue aos senadores em junho por uma comissão de 15 juristas – e foi convidado para apresentar sua análise sobre a proposta. Em nome da comissão de juristas, o relator-geral do trabalho, o procurador da República Luiz Carlos dos Santos Gonçalves também vai participar do debate.

Para Miguel Reale Júnior, o andamento da atual proposta traz “o risco de uma vergonha internacional”. Entre os pontos criticados pelo jurista, está o que trata de crimes de imprensa. Para ele, a proposta é rigorosa no que diz respeito à difamação e calúnia por meio da mídia. “A pena mínima, de três meses, passa a ser de dois anos, por uma difamação por meio de imprensa. Isso é oito vezes superior à da Lei de Imprensa, que foi revogada por ser ditatorial”, argumenta.

Ainda segundo o criminalista, outro trecho prevê condenação de dois a quatro anos para quem assiste a um confronto entre animais como, por exemplo, uma rinha de galo. “É uma pena elevadíssima. Se o animal morre, a pena é de quatro anos, no mínimo. O sujeito assiste e é responsabilizado pelo galicídio?”, questiona. Ele também critica o perdão judicial no caso da eutanásia ser praticada por parentes, independentemente do diagnóstico médico.

O projeto em discussão também é alvo de críticas políticas, morais e religiosas. Uma das polêmicas é sobre novas hipóteses de aborto legal – atualmente permitido em caso de risco de vida para a gestante, quando a gravidez decorre de estupro ou se o bebê for anencéfalo. “Essas questões religiosas são menores perto dos vícios e dos problemas que existem. Porque na hora que você joga para esta área a discussão se emocionaliza, passa a ser filosófica, religiosa, e a minha questão não é esta. A minha questão é técnica”, garante o ex-ministro.

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A essencialidade das Informações

Acesso à informação e liberdade de imprensa são essenciais para exercício da cidadania

25/02/2013 – 15h07

Gláucio Dettmar/Agência CNJ

Acesso à informação e liberdade de imprensa são essenciais para exercício da cidadania

Como instrumentos essenciais ao fortalecimento da democracia, a Lei de Acesso à Informação e o instituto da liberdade de imprensa são pontos essenciais para nortear a política de comunicação dos tribunais de Justiça brasileiros e, por consequência, garantir o exercício da cidadania no País, avaliou nesta segunda-feira (25/2) o conselheiro Wellington Saraiva, em palestra proferida na abertura do Encontro Nacional de Comunicação do Poder Judiciário, realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na sede do Conselho de Justiça Federal (CJF), em Brasília. Saraiva destacou a importância dos profissionais de comunicação do Judiciário nesse sentido.

“A iniciativa do Conselho Nacional de Justiça de realizar este seminário é extremamente feliz e oportuna, em função da relevância do trabalho dos comunicadores para aproximar o Poder Judiciário da sociedade. Informações sobre os serviços prestados pela Justiça precisam ser levadas aos cidadãos, para o fortalecimento da cidadania e da democracia. Sem imprensa forte, sem participação ativa da cidadania no funcionamento do poder público, não teremos uma democracia de verdade”, afirmou o conselheiro do CNJ.

Até esta terça-feira (26/2), o Encontro Nacional de Comunicação do Poder Judiciário reúne assessores de Comunicação Social de tribunais de todas as regiões do País. O evento discute a estratégia de divulgação das metas do Judiciário e temas gerais da comunicação nos tribunais. O conselheiro Wellington participou da abertura do encontro juntamente com o secretário de Comunicação Social do CNJ, Marcone Gonçalves, do diretor de Gestão Estratégica do Conselho, Ivan Bonifácio, e dos responsáveis pela Comunicação do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Alexandre Machado, e do CJF, Roberta Bastos Cunha.

Fórum – O conselheiro Wellington Cabral, durante sua palestra, foi questionado pelos comunicadores presentes sobre a organização do Fórum Nacional do Judiciário e Liberdade de Imprensa, a ser instalado neste ano com base no que prevê a Resolução CNJ n. 163. Os participantes queriam saber por que não há a indicação de representantes das Assessorias de Comunicação dos tribunais para participar da nova instância de debates. O conselheiro não só compactuou com a preocupação como também anunciou que levará ao CNJ a proposta de incluir um representante dos profissionais entre os integrantes do fórum.

O conselheiro também incentivou os participantes a articularem a entrada de seus tribunais nas redes sociais, principalmente no Facebook e no Twitter. Segundo Saraiva, “elas são importantes ferramentas de democracia e cidadania, rápidas e eficientes na divulgação do trabalho do Poder Judiciário”. O conselheiro atribuiu às redes papel relevante, ao lado da liberdade de imprensa e de expressão, para o desenvolvimento do Brasil e da sociedade brasileira.

Jorge Vasconcellos e Manuel Montenegro
Agência CNJ de Notícias

Corrupção

CNJ fará evento para aprimorar aplicação da nova lei de lavagem de dinheiro

22/02/2013 – 13h31

Gilmar Ferreira/Agência CNJ
CNJ fará evento para aprimorar aplicação da nova lei de lavagem de dinheiro

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) realizam, nos dias 11 e 12 de março, em Brasília, o Seminário Nacional: Inovações e Desafios da Nova Lei sobre Crimes de Lavagem de Dinheiro (Lei n. 12.683/2012). Autoridades responsáveis pelo combate a crimes financeiros vão discutir medidas que garantam a efetiva aplicação da lei – apesar de considerada uma das mais avançadas do mundo, ela ainda é subutilizada no País. O evento vai acontecer no Tribunal Superior do Trabalho (TST) e será aberto com palestra do ministro Joaquim Barbosa, presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF).

O conselheiro Gilberto Martins, do CNJ, que divide a coordenação científica do seminário com o conselheiro Mario Luiz Bonsaglia, do CNMP, ressalta a importância do evento para o reforço do combate à lavagem de dinheiro, um crime que dá aparência legal a bens adquiridos por meio da improbidade administrativa e de delitos como corrupção e peculato, entre outros. “Os estudos e as palestras que serão apresentados vão permitir reflexões sobre os pontos polêmicos da nova lei e também sobre as dificuldades estruturais da Justiça e do Ministério Público para aplicá-la. A partir dessas reflexões, serão apresentadas propostas no sentido de tornar a implementação da lei mais efetiva”, afirmou o conselheiro do CNJ.

A realização do seminário integra o conjunto de medidas de combate à corrupção e à improbidade administrativa, que foi a principal meta aprovada no VI Encontro Nacional do Poder Judiciário, realizado em novembro passado, em Aracaju/SE, com a participação da cúpula de todos os ramos da Justiça. Durante o encontro, presidentes de tribunais da Justiça Federal e da Estadual assumiram o compromisso de, até 31 de dezembro deste ano, identificar e julgar as ações de improbidade administrativa e os processos penais relacionados a crimes contra a administração pública distribuídos até 31 de dezembro de 2011.

A lista de conferencistas do seminário inclui, além do ministro Joaquim Barbosa, o procurador-geral da República e presidente do CNMP, Roberto Gurgel; o ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ); o presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Antônio Gustavo Rodrigues; e a professora Anabela Maria Pinto de Miranda Rodrigues, diretora da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, de Portugal.

Jorge Vasconcellos
Agência CNJ de Notícias

Hermenêutica do interesse corporativo

LEITURA INTERESSADA

Brasil padece da “hermenêutica do interesse”

Por Pedro Canário

images (1)A interpretação constitucional brasileira padece do mal da “hermenêutica do interesse corporativo”. A opinião é do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Para ele, um dos grandes problemas do país é a interpretação corporativista da Constituição, em que cada um lê com o intuito de “proteger” as próprias prerrogativas.

O ministro falou nesta sexta-feira (22/2) durante audiência pública organizada pela Procuradoria Regional da República da 3ª Região em São Paulo para debater a advocacia pro bono, ou voluntária, no Brasil. O assunto não é regulamentado no Brasil, ao contrário do que acontece na maioria dos demais países. A Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo é a única que tem uma regra, a Resolução Pro Bono, que permite a prestação de serviços apenas para pessoas jurídicas sem fins lucrativos, integrantes do terceiro setor e “comprovadamente desprovidas de recursos financeiros”.

Gilmar Mendes evitou comentar especificamente a resolução da OAB paulista, por ela tratar de matéria que pode vir a ser questionada no Supremo. Mas apontou que o texto da entidade revela problemas mais profundos, inclusive de interpretação constitucional. “Se há um defeito na Constituição, justamente por conta da participação de diversos grupos na Assembleia Constituinte, é o da leitura interessada. O Brasil tem de romper com a mentalidade corporativa”, disse o ministro, arrancando aplausos da plateia, formada, em sua maioria, por estudantes de Direito.

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Distância de patrocinadores

CNJ limita participação de magistrados em eventos patrocinados

 

19/02/2013 – 20h06
CNJ limita participação de magistrados em eventos patrocinados

O Conselho Nacional de Justiça (CN) aprovou, nesta terça-feira (19/2), na 163ª Sessão Ordinária, resolução que disciplina a participação de magistrados em congressos, seminários e eventos culturais. Pela norma, que entrará em vigor 60 dias após sua publicação, o magistrado só poderá participar de eventos jurídicos ou culturais, patrocinados por empresa privada, na condição de palestrante, conferencista, debatedor, moderador ou presidente de mesa. Nessa condição, o magistrado poderá ter as despesas de hospedagem e passagem pagas pela organização do evento.

A resolução do CNJ proíbe os magistrados de receberem prêmios, auxílios ou contribuições de pessoas físicas ou entidades públicas ou privadas. Se o magistrado quiser participar de algum evento, deve arcar com os custos de hospedagem e deslocamento, a não ser nos casos em que a própria associação de classe custeie totalmente o evento.

Nos casos de eventos realizados por tribunais, conselhos de justiça e escolas de magistratura, será permitido que empresas contribuam com até 30% dos custos totais do evento. Mas o tribunal, o conselho ou a escola responsável terá de remeter ao CNJ a documentação dos gastos com o evento.

O texto da resolução aprovada foi redigido pelos ministros Carlos Alberto Reis de Paula e Francisco Falcão, corregedor nacional de Justiça. Anteriormente, Francisco Falcão havia apresentado outra proposta, que foi aperfeiçoada em conjunto com Carlos Alberto.

Debate – A resolução aprovada foi a possível, segundo o ministro Francisco Falcão. No texto anterior, ele propunha a proibição total de patrocínio aos eventos, mas aceitou estabelecer o limite de 30% para garantir a aprovação pelos conselheiros. “É um passo inicial. A resolução atende em parte aos anseios da sociedade”, afirmou Falcão.

Durante o debate, o conselheiro Silvio Rocha defendeu que os eventos patrocinados pelos órgãos do Poder Judiciário fossem custeados totalmente com verbas orçamentárias.

Os conselheiros Tourinho Neto e Ney Freitas, por sua vez, ponderaram que a proibição poderia prejudicar as associações, e os cursos e seminários destinados ao aperfeiçoamento dos magistrados. Ney Freitas lembrou que os tribunais não dispõem de verbas para o aperfeiçoamento de magistrados.

No julgamento, ficaram vencidos os conselheiros Tourinho Neto e Silvio Rocha e parcialmente vencidos os conselheiros José Lucio Munhoz e Vasi Werner.

Veja a íntegra do texto aprovado pelo Plenário.

Gilson Euzébio
Agência CNJ de Notícias

Está na hora de acabar com esse privilégio

A folha de São Paulo de hoje traz editorial que cuida das férias dos magistrados, cujos excertos publico a seguir, com redução de texto do colega Frederico Vasconcelos

Trechos do editorial da Folha nesta segunda-feira (18/2), sob o título “Injustiça nas férias”:

A cúpula do Judiciário ensaia reduzir as férias dos magistrados dos atuais 60 dias para 30. Mais uma vez, pode-se antecipar forte reação corporativa contra o projeto. Pelo menos desde a Constituição de 1988 fala-se em acabar com o privilégio, mas há 25 anos os juízes resistem às investidas.

A benesse é difícil de sustentar, em termos econômicos como de igualdade republicana. Às férias dobradas se somam regalias como 12 dias de recesso no fim do ano e alguns feriados exclusivos -os dias da Justiça, do Advogado e do Servidor Público.

(…)

 É claro que apenas reduzir as férias dos magistrados não vai resolver o problema da morosidade e da ineficiência do Poder Judiciário, mas não há dúvida de que traria algum avanço.

Seria, além disso, uma demonstração importante de que a Justiça brasileira conseguiu superar o corporativismo e foi capaz de pôr fim a uma sinecura cara e antirrepublicana que a beneficiava.

 Não se omita. Dê sua opinião sobre o tema.

Ofensa?

Estagiárias são demitidas por piada sobre Renan

Funcionárias do Senado postaram em rede social a foto de um rato morto por servidores da limpeza 

MARIA LIMA (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)

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Post das estagiárias no Facebook
Foto: Reprodução

Post das estagiárias no Facebook Reprodução

BRASÍLIA – De olho nas redes sociais, a direção do Senado Federal demitiu duas estagiárias – uma delas sobrinha do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa – por fazerem piada no Facebook com o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). Uma das estudantes de Direito postou a foto de um rato morto por servidores da limpeza com a legenda: “E a gente que achou que o único problema aqui fosse o Renan Calheiros”.

Justiça em ação

Justiça em Bacabal proíbe revista íntima nos estabelecimentos prisionais

robertodepaulasiteO juiz Carlos Roberto de Oliveira Paula, titular da 2ª Vara de Bacabal, baixou uma Portaria na qual proíbe a revista íntima aos visitantes dos presos nos estabelecimentos penais da comarca. Na elaboração do documento, o juiz levou em consideração diversos fatores, entre os quais, o fato de que a revista íntima é uma forma de violência contra as mulheres.

A Portaria destaca que é direito do preso a visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos, em dias determinados, e que é a visitação aos presos é essencial para a ressocialização, frisando: “(…) que o contato com as pessoas queridas remetem ao recluso um sentimento de esperança, mas as condições e o tratamento dispensado nas revistas íntimas fazem com que o preso seja cada vez menos visitado (…)”.

“É muito mais fácil inspecionar e revistar o recluso, após uma visita de contato pessoal, em vez de submeter todas as pessoas, inclusive mulheres que visitam os estabelecimentos prisionais, a um procedimento tão extremo”, observou o magistrado.

E continua: “O sistema prisional brasileiro deveria dispor de meios possíveis para a realização de revista íntima nos familiares dos presos sem ter que submetê-los a situações humilhantes e vexatórias como as que vêm ocorrendo frequentemente nas penitenciárias”.

 O documento versa, também, que a revista eletrônica, por meio de um scanner corporal, seria a solução para o problema, uma vez que não haveria a necessidade da pessoa se despir e ficar em posições constrangedoras, e isso é bastante viável em função do avanço tecnológico nos dias atuais. “A revista íntima ofende a dignidade da pessoa”, frisa.

A Portaria estabelece, portanto, a proibição de revista íntima aos visitantes dos presos em todos os estabelecimentos prisionais da comarca; após a visitação, os presos e suas celas deverão ser inspecionados; a revista de visitantes somente será permitida se for por meio eletrônico.

Em “Arquivis Publicados”, logo abaixo, a Portaria em anexo.

Michael Mesquita

Assessoria de Comunicação da CGJ

asscom_cgj@tjma.jus.br

www.tjma.jus.br/cgj