As pessoas tendem a dar aos fatos a dimensão que eles não têm, quando desejam hostilizar, desacreditar, menoprezar, enfim, as pessoas por quem tem desafeição.
O episódio que vou narrar é exemplar.
Pois bem. Ao iniciar a tomada de um depoimento, na condição de juiz da 7ª Vara Criminal – onde estou até hoje, passados dezoito anos da minha chegada à 4ª entrancia, hoje entrancia especial – dei-me conta, logo no primeiro instante, que o acusado tinha dificuldade de se expressar, porque estava com uma goma de mascar na boca. Educadamente, apanhei o balde de lixo que estava sob a minha mesa, e pedi a ele que jogasse fora a goma de mascar, cuidando de, educadamente, declinar os motivos do meu pedido.
Dois dias depois desse fato, estando no Tribunal de Justiça, um magistrado, na frente de várias pessoas, bateu no meu ombro, para, de forma deselegante e inconveniente, afirmar que eu havia proibido o uso – assim mesmo, de forma genérica – de goma de mascar na 7ª Vara Criminal.
Em face desse fato, cheguei a seguinte conclusão:
I – ou ele foi maldoso e deu ao fato a dimensão que não tinha, ou
II – recebeu a informação distorcida e, mesmo assim, cuidou de divulgá-la, para prejudicar a minha imagem.
A única certeza que tenho, em face desse fato, é que a menção feita pelo magistrado, na frente de várias pessoas, foi, desde o meu olhar, maldosa, mesmo porque, à época, eu concorria a uma promoção por merecimento para o Tribunal de Justiça, e havia meia dúzia que se encarregava de me apresentar como prepotente, para melar a minha promoção, vez que, à época – como, ao que parece, até hoje – as promoções se davam a partir da simpatia dos candidatos. E sendo eu antipático, à luz dessas e outras tantas maledicências, não podia ser promovido, como efetivamente não fui até a data atual.
A maldade do homem não tem limites. É por isso que afirmo que, dentre os animais que há sobre a terra, o mais perigoso, sem dúvidas, é o homem.