Você já se pegou pensando seriamente em ser uma pessoa boa? Ou você é do tipo que, estando feliz, pouco importa a infelicidade do semelhante?
Você já parou para pensar que muitas dos nossos conflitos com o mundo decorrem da nossa maneira de pensar e agir?
Pois se não pensou, saiba que devia pensar. E saiba, também, que, pensando – e querendo – em ser bom, podemos sê-lo.
Saiba, também, que, se quiseres, podes viver uma relação de amor com o mundo, desde que da vida e dos amigos não exijas mais do que exiges de ti mesmo, que saibas compreender, para ser compreendido.
Vivo quase uma obstinação em torno dessas questões.
Eu quero ser bom, eu quero viver em paz com o mundo.
Por pensar e agir nesse sentido é que vivo em permanente estado de felicidade.
Insisto: eu quero ser um ser humano melhor do que sou. E tenho “trabalhado” com esse objetivo. E cada dia sinto que sou mais feliz, porque a felicidade vem a reboque das minhas ações, como uma contrapartida natural.
Mas a felicidade e o prazer não devem ser alcançadas a qualquer custo, como pensam (?) os utilitaristas.
O limite da minha felicidade é a infelicidade do meu semelhante.
O mundo precisa de pessoas felizes, todavia também precisa de pessoas boas, solidárias na dor e na tristeza.
Mas cuidado: aquele que busca a felicidade a todo custo, nunca será bom e nem solidário. Vai, por isso, ser infeliz e vai infelicitar o semelhante.
Diante dessas inquietantes reflexões, calha indagar: o homem nasce bom e o mundo o faz mau ou o homem já nasce mau e o mundo apenas o ajuda a potencializar a maldade que já traz consigo?
Ninguém tem resposta para essa indagação.
Mas, mesmo sem resposta para essa e outras indagações de fundo filosófico, o importante mesmo é querer ser bom; a bondade pode ser o caminho para felicidade.
A propósito: você já se pegou pensando que podia ser melhor do que é?
Pois se você ainda não pensou, pense!
E saiba que eu vivo todos os dias essa quase obsessão.
Eu acho, sim, que todos nós, querendo, podemos ser melhor do que somos.
Eu tenho convicção que ainda posso ser melhor do que sou; se é que, efetivamente, eu seja uma pessoa boa.
Eu tenho convicção, aos 59 anos, que ainda tenho muito o que aprender em torno dessa matéria.
Eu poderia, sim, sem esforço, ser mais solidário, dividir com o meu semelhante um pouco do pouco que conquistei.
Você já parou para pensar que, para ser feliz, não vale infelicitar o semelhante, que a busca da felicidade não se faz a qualquer custo?
Você já parou para pensar que ambição tem limite e que o ambicioso ( no pior sentido da palavra) é, necessariamente, um infeliz?
Jeremy Bentham, pai do utilitarismo, entendia que uma ação seria tão mais correta quando maior o número de pessoas fossem felizes e sentissem prazer em face dela.
Importa perguntar, pois: vale a busca da felicidade e do prazer a qualquer custo?
Importa indagar, ademais: as ações, ainda que eticamente condenáveis, se justificam, em nome da felicidade?
Em nome – e pela – felicidade, tudo é válido, como entendia Jeremhy Bentham, ou a questão é muito mais complexa, como advertia John Stuart Mill?
É possível, à luz do utilitarismo, praticar ações, para promover a felicidade de alguns, sem nenhuma preocupação com as pessoas que, em face dessas ações, possam ser por elas infelicitadas?
Para sentir-me feliz, à luz do utilitarismo, podemos agir sem feios e peias, estamos autorizados a ir além?
Qual o limite da busca da felcidade?
Até posso ir na busca da felicidade e do prazer?
Pense!