Há vários anos escrevi, neste blog, uma crônica com o mesmo título.
Nela pretendi consignar que, diferente dos arrogantes, por diversas vezes me vi diante da seguinte constatação: se a mim me fosse dada outra oportunidade, eu não faria tudo que fiz outra vez.
É que, olhando pelo retrovisor, vejo que muitos equívocos foram cometidos na minha trajetória; de relevo anotar, nada obstante, que, dentre os erros que cometi, não está o da corrupção.
Eu não enriqueci – nem lícita e nem ilicitamente.
Eu nunca negociei uma decisão.
Mas, devo confessar, algumas vezes me deixei levar pela emoção e pelos meus preconceitos.
Todos nós, não se há de negar, somos levados por ideias preconcebidas, decorrentes, muitas vezes, de uma equivocada pré-compreensão das coisas que estão em torno de nós.
Apesar dos meus equívocos – que foram muitos, importar consignar – quando os constatei, algumas vezes a destempo, cuidei de mudar a direção.
Não é despiciendo consignar, com Luis Barroso, que os juízes não são seres sem memória, não estão libertos do seu inconsciente, razão pela qual, em suas decisões haverá, sempre, uma dose de subjetivismo.
O importante, pois, é corrigir a direção, aceitar que errou e que, por isso, merece ser punido, ainda que o seja só pela sua própria consciência.
E por que faço essas reflexões?
O faço apenas para deixar claro que, como os meus colegas, eu também protagonizei ações das quais não me ufano.
É que sou igualzinho a todo mundo; todavia, parafraseando Kant, a minha moral é autônoma; a minha moral, portanto, não é igual a do meu congênere.
O que me constrange , pois, pode não ser o mesmo que constranja um congênere.
Nessa linha de reflexão, importa anotar que o que me faz refluir pode não ser capaz de fazer recuar um colega.
Luis Roberto Barroso, no artigo Direito e Paixão, disse que a paixão que o move, na academia e no mundo universitário, é a paixão intelectual, a paixão pelo conhecimento, para, no mesmo artigo, citando Mangabeira Unger, consignar que a tarefa do pensamento é confortar os aflitos e afligir os confortados.
As linhas que agora produzo – quase incompreensivas, parecendo sem rumo e sem direção – não têm outro objetivo que não seja confortar o meu coração aflito, em face de tudo que se tem noticiado, nos últimos dias, acerca do Poder Judiciário.
Confesso a minha incapacidade de não me indignar quando leio notícias que levam ao descrédito o Poder Judiciário.
Não posso crer que haja quem, no âmbito do Poder Judiciário, não se sinta contristado com os últimos acontecimentos protagonizados por alguns dos seus mais destacados membros.
Feliz o homem que sabe reconhecer os seus equívocos. Que Deus assim o conserve.
Tenha um Feliz Natal e um ótimo Ano Novo!