Pois bem. Inicio por reafirmar o que já consignei neste espaço: juiz não “gosta” de punir juiz.
Se depender, pois, dos Tribunais, ninguém será punido – salvo um ou outra exceção, para confirmar a regra – , ainda que os corregedores se esmerem em apurar os desvios de conduta.
Nesse caso, de nada adianta a tenacidade das corregedorias; por mais dedicados que sejam, o seu trabalho restará embalde.
A verdade é que, historicamente, os mecanismo de controle internos do Tribunais sempre deixaram muito a desejar.
E digo mais: juiz que ousar votar pela punição de um colega, ganhará um inimigo e, quiçá, a antipatia dos seus pares. Aliás, nem precisa votar pela punição para ganhar um inimigo. Basta votar contra uma pretensão ou contra o entendimento do colega.
Eu sei bem do que estou falando.
Um caso concreto: uma ilustrada colega, que ousou apurar os desvios de conduta de alguns magistrados, ganhou inimigos para eternidade, e nenhum deles foi punido pelo Tribunal de origem. Não fosse a ação do CNJ, estaria tudo como dantes.
Todos do Maranhão sabem do que estou falando.
Outro caso concreto: ao tempo em que fui juiz corregedor, opinei ( com um outro colega, cujo nome não estou autorizado a declinar) pelo não vitaliciamento de alguns magistrados alfim do estágio probatório.
O desfecho: foram vitaliciados, e eu (nós) ganhei (amos) quatro inimigos para eternidade.
Pelo exposto, e por muito mais, é que entendo que a ação do CNJ não pode ser obstada.
Aqui vale a invocação do apotegma: quem não deve não teme.
Homem público, no exercício do múnus, não tem o que esconder. Por isso entendo que todos os ganhos que decorram de sua atividade devam ser do domínio público.
Dos salários dos magistrados todos sabem. Dos ganhos extra, em face, por exemplo, de uma decisão judicial, não se tem conhecimento. Esse sigilo fomenta especulações – muitas delas maldosas, como se tem lido na imprensa nacional nos últimos dias.
É por isso que entendo que devamos ser transparentes.
Infelizmente, numa corporação, há os que entendem que não se deva dar satisfação a ninguém.
Por pensarmos assim é que, agora, estamos expostos à execração pública.
Um registro relevante: apesar de associado da AMB, não subscrevo a sua tentativa de podar os poderes do CNJ.
Por tudo isso estou estudando a possibilidade de desfiliar-me.
Boa tarde Dr.,
Muito bom o seu artigo (assim como todos os outros). Acredito que o Judiciário brasileiro precisa de homens éticos e sérios assim como vc. Parabéns.
Parabéns pelo texto, Exa.! Achei bem objetivo, lúcido e direto. Reproduzi no meu blog. Grande abraço.
Boa noite, juiz José Luiz.
Fico feliz em ler o que escreveu. A postura ética com que se manifestou é exemplar e deveria ser regra. Infelismente, não se verifica isso em alguns magistrados e no próprio corpo funcional [falo de servidores não “graduados”].
Grande abraço!
Minha nossa senhora! Dr, onde se lê “infelismente”, leia-se “infeliZmente’. Grato.
Caro José Luiz,
Parabenizo-o pela lucidez do seu texto.
Realmente todos nos somos sabedores de que as apurações de condutas de magistrados por outro magistrado e complicado, principalmente quando o colega investigado não consegue se ver nessa posição, por achar que seu comportamento não comporta censura.
Estamos passando por um momento muito delicado, contudo, não perca as esperanças no movimento associativo, principalmente a nível nacional. Eu sei que e difícil permanecer associado com um presidente da AMB tão inábil, mas não podemos achar que ele representa o pensamento da maioria dos magistrados e magistradas que honram a toga que vestem.
Por favor, não se desfilie! Calandra passara, enquanto o ideal de uma AMB antenada com a realidade permanecera.
Um forte abraço e feliz 2012!
Prezado e estimado amigo José Luiz,
Como poucos entendi o seu artigo da integridade.
Muito obrigada por consegui expressar tão bem o que muitos pensam.
Por sinal, terminei de concluir um artigo, a ser publicado em matutino local, onde cito trecho do seu artigo.
Um grande abraço
Sônia Amaral
PS: Também estou balançada a me desfiliar da AMB, a despeito de saber que os calandras passam.
PS: onde tem “da integridade”, leia-se “NA integridade”.