Juízes vagabundos existem?

Ontem, logo após a sessão do Pleno, já por volta das 14h00, na sala de lanches, um determinado desembargador dirigiu-se a mim e a outros colegas, visivelmente estarrecido, indagando:

– Vocês ouviram o que a ministra Eliana Calmon disse?

Indaguei, então:

– E qual é a razão da surpresa? Afinal, há ou não vagabundos togados?

O colega, diante da minha reação, deixou patenteado que não discordava da ministra, apenas se surpreendia com a, digamos, virulência da afirmação.

Pois é!  Fique sabendo, estimado leitor, que a ministra não traz nenhuma novidade. Ela apenas tem a coragem que poucos têm de dizer o que pensa.

Há, sim,  não se há de negar,  vagabundos togados. E nisso não há  nenhuma surpresa, afinal, qual a categoria que não tem vagabundos nos seus quadros?

No caso dos magistrados a constatação é apenas super dimensionada  porque, afinal, se de um cidadão comum se espera retidão, essa mesma retidão,  com muito mais razão,  se espera do magistrado.

Não há, pois,  surpresa na afirmação da ministra, já que se trata apenas e tão somente da constatação de um fato.

O que  temos é que nos unir para expungir os vagabundos dos nossos quadros.

E, registro, não é vagabundo apenas que vende decisões. Da mesma forma, vagabundo é aquele que trabalha sem o necessário desvelo.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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