Hoje, pela manhã, recebi uma ligação telefônica de um dileto e respeitado colega.
Todos sabem que não gosto muito de me comunicar via telefone. Prefiro olho no olho. Por isso, fiquei surpreso com a ligação.
Desconfiado, sem muito ânimo, atendi ao colega, mesmo porque ainda é um dos poucos que ousam me ligar.
O autor da ligação, sabendo da minha pouco – ou nenhuma – afeição ao celular, foi direto ao assunto. Disse, com efeito, estar indignado com o que os leitores dos blogs da cidade diziam a nossa respeito, em face da prisão de dois assessores do TJ/MA. Foi além. Pediu a mim que, na condição de blogueiro, escrevesse alguma coisa, em defesa do Poder Judiciário.
Depois do telefone, fiquei a pensar: dizer o quê, se nós próprios damos munições aos “inimigos”?
É claro que, nos comentários, há excessos, sobretudo porque nos jogam todos na mesma vala, como se todos fôssemos indignos da função, e que, em face do seu exercício, objetivássemos apenas levar vantagem.
A verdade é que alguns membros do Poder Judiciário, sem nenhum escrúpulo, sem nenhum idealismo, usam o Poder para dele tirar proveito. Esses, os bandidos de toga, minam a credibilidade de todos nós. É por isso que, quando se veicula alguma notícia envolvendo o Poder Judiciário, a pessoas usam o ensejo para nos destratar a todos, indistinta e injustamente.
O caso envolvendo os assessores presos, é apenas o que se mostrou visível. É claro, pois, que há muito mais a ser desvendado nos subterrâneos do Poder Judiciário. É que cá, como em qualquer instituição, há bons e maus, honestos e desonestos, trabalhadores e ociosos, dedicados e desleixados.
Mas é preciso que se diga que se não somos uma confraria de querubins, também não somos uma corporação composta somente de marginais togados. Marginais há. Desonestos, idem. Todavia, se trata de uma minoria;minoria que, infelizmente, mina a nossa reputação.
É preciso admitir, pois, que, em face da ação nefasta de uns poucos, todos levamos a fama, injustamente.
Com todo respeito Des. José Luiz, admiro seu trabalho, sua dedicação, a retidão de seu caráter e, principalmente, a honestidade que lhe é ínsita.
Mas discordo do Sr. quando afirma que os bons, como Vossa Excelência, são maioria.
E digo isso sem dúvida alguma. Eu não acredito na Justiça Brasileira, seja aqui no Maranhão, seja na ponta do Acre, seja nos confins do Rio Grande do Sul.
Ela só funciona, de verdade, quando não há interesse dos Magistrados na causa, seja motivado por dinheiro, seja motivado por quaisquer outras vantagens.
E isso não é raro de ocorrer.
Quantos colegas o Sr. olha ao seu redor e pensa: “Esse/essa é um homem/mulher de valor.”?
Quantos colegas realmente vivem do salário e não ostentam mansões, carrões, viagens ao exterior frequentes, imóveis a perder de vista, cada membro da família andando em automóveis de R$ 100.000,00 pra frente, páginas nas colunas sociais rindo de se acabar dos contribuintes que pagam seus salários e sustentam o cargo que usam para arrecadar propina e etc?
Quantos realmente vivem de seu digno salário?
Pois é. E muitos deles tem coragem de posar de honestos. Muitas vezes até aparecem na TV se vangloriando de transparência e tudo mais, mas, na realidade, são uns grandes corruptos, de fato e de fama!
Aqui no Maranhão (assim como em outros locais do Brasil) tem-se notícia de pessoas que se aproveitavam do cargo até para negociar com grandes empresas as decisões de admissão/inadmissão de recursos dirigidos aos Tribunais Superiores. Fora as decisões corriqueiras, sentenças e etc. Um absurdo!
O Sr. mesmo já foi vítima de trapaças, pois deveria compor o TJ por merecimento há muito mais tempo e só entrou anos depois, passado para trás por pessoas que não possuem vergonha alguma.
É uma pena dizer isso, mas pessoas como o Sr. são raras exceções…
E mais: Situações como o escândalo dos assessores só vieram à tona porque estamos em pleno ano de 2012, temos uma imprensa que bota a boca no trombone e existe o CNJ fiscalizando…
Se não fosse assim, teriamos, ainda, aquela turma que passava o dia no corredor do Fórum, tramando decisões e tirando dinheiro a torto e a direito de empresas e de inocentes, sem nenhuma punição. Quantos anos isso não aconteceu, a ponto da maioria das pessoas achar fatos dessa netureza perfeitamente normais e corriqueiros?
É isso aí. Parabéns pela pessoa digna que o Sr. é. Mas acho coerente o Sr. repensar o que disse neste post e rever os critérios de avaliação que usou, pois o Judiciário (assim como todas as esferas do Poder Público) está como uma ilha: cercado de pessoas ruins por todos os lados. Apesar dos bons que insistem em continuar a caminhada…