Quando episódios da natureza do noticiado dando conta de uma tentativa de interferência de uma destacada figura pública ( ex-presidente Lula da Silva) junto ao Poder Judiciário ( especificamente, ministro Gilmar Mendes) as pessoas fingem indignaçäo, como se se tratasse de algo inusitado.
A verdade é que, ao longo da nossa história, esse tipo de injunçäo näo é novidade. Sempre houve – e sempre haverá – quem tente, quem se sinta no direito de fazer incursöes espúrias no afä de obter um “favorzinho”, uma “mäozinho” do Judiciário, para amenizar uma situaçäo. Da mesma forma, sempre houve – e sempre haverá – quem aceite a injunçäo, pelas mais diversas razöes. Isso ocorre aqui e algures, sob as bênçäos de uma ditadura ou sob os auspícios de uma democracia. É só voltar no tempo – ou encarar a realidade, nos dias presentes – que se constatará näo ser incomum esse tipo de comportamento.
O que choca, em face da nossa cultura, näo é a incursäo ( quando ela, efetivamente, acontece, claro). O que choca mesmo é a chantagem, é a tentativa de achaque, é a proposta de calar – ou de proteger – sabendo da má conduta ética de alguém, em troca de uma vantagem. Isso, sim, é muito grave, pois se se tem o ciência de um desvio de conduta, o que se deve fazer, em nome da decência, é denunciar e nunca se valer de uma informaçäo privilegiada, para, a partir dessa informaçäo, pressionar para obter uma vantagem qualquer.
É chegada a hora de dar um basta.