Não há nada que me agaste mais que ser injustiçado. Quando somos acusados de algo que não fizemos, é a nossa alma que sente a dor mais forte.
Hoje à tarde, ao chegar ao Tribunal de Justiça, para fazer um interrogatório e elaborar os acórdãos da sessão de ontem, lembrei-me, depois de uma troca de prosa com o advogado José Carlos Sousa e Silva, que o professor Doroteu Soares Ribeiro morreu convicto que sou desonesto.
Confesso que desde o dia que fui advertido dessa certeza que ele tinha de que eu sou desonesto, em face de acusações levianas de alguns políticos desclassificados de uma determinada comarca, passei muito anos sofrendo e me escondendo para não ter que me encontrar com ele, pois eu não sabia como provar-lhe da minha retidão.
Esperei muito pela oportunidade de pelo menos dizer-lhe que tudo que ele sabia decorria de um sentimento de vingança de um determinado grupo político, que havia perdido uma eleição municipal. Não tive tempo. Antes desse encontro tão agaurdado por mim, o professor Doroteu faleceu.
Até hoje sofro por não ter podido desmentir os calhordas.
Essa é uma das injustiças que mais dói em em mim; e doerá enquanto vida eu tiver.