Tenho dito que a vida é a nossa melhor escola. Quando assumimos o papel de aprendiz, a vida nos ensina a superar as nossas fraquezas e a ponderar as nossas forças, para delas não fazer mau uso.
Com a vida só não aprende quem não quer. Eu mesmo, a cada dia, a cada hora, a cada erro ou acerto vou colhendo informações que são úteis para a minha relação com as pessoas. É dizer: sou aluno dileto da escola da vida.
Complicado? Sou, sim, afinal, todos somos. Mas a culpa é minha e não da vida.
Irascível? Depende, afinal, todos nós, dependendo das circunstâncias, somos irascíveis.
Vaidoso? Menos do que imaginam e comentam, mesmo porque, de rigor, um pouco vaidoso todos somos.
Prepotente? Muita fama e quase nada de prepotência. Não é do meu feitio. Mas é uma fama que conquistei e que dela não consigo me libertar. Bem que eu gostaria de ter a fama de uma pessoa dócil, fraterna e amiga. Todavia, não a tenho. Fazer o quê?
O certo e recerto é que, com a vida e com os exemplos que captamos no dia a dia, muito aprendem e outros, nem tanto.
Me aventurei fazer essas reflexões, que não são nenhuma novidade, em face de um episódio que testemunhei numa emissora de rádio; a rádio Bandeirantes de São Paulo, para ser preciso.
Explico. Estava eu, por volta da meia-noite e meia, ouvindo a Rádido Bandeirantes, depois da conquista da Copa América pelo Corinthians ( não sou corintiano mas torci a favor) , quando o âncora, Milton Neves, cumprimentou Dudu Braga, filho de Roberto Carlos, que estava no estádio Pacaembu, assistindo ao jogo Corinthians e Boca Junior. Dizia Dudua Braga estar afônico só de tanto gritar. Nessa hora, Milton Neves indagou sobre a sua visão e como é que ele, cego, praticamente, ia ao estádio e ainda vibrava com os gols que ele não via. Ele respondeu, então, que via pelo coração e que, sendo o seu coração corintiano, restava claro que ele tinha visto os gols, mesmo porque estava envolvido pelo clima proporcionado pela fanática torcida corintiana.
É assim, a toda evidência, uma extraordinária lição de vida. Dudu Braga bem que podia se recolher e amaldiçoar o mundo, por ter ficado cego, tendo todas as condições materiais para enfrentar o problema. Mas não. Ele, mesmo vendo apenas um clarão, como disse ao âncora, saiu de casa e foi assistir, com o coração, o jogo do seu time de futebol.
Que belo exemplo, heim?