Há pessoas que, naturalmente, são frias diante dos fatos, por isso, analisam as coisas da vida como devem ser, como todos deveríamos analisar, ou seja, fria e realisticamente ; há outras, no entanto, que preferem refugiarem-se nos sonhos, num mundo de fantasias. Essas, quando se deparam com as dificuldades que a vida oferece, não têm estofo para enfrentar as intempéries. Aí, sucumbem, caem do cavalo, sofrem muito com os reveses da vida, que, afinal, são inevitáveis.
Mas ao lado dessas duas categorias de pessoas, há outras, ademais, que vão deixando acontecer, vão se deixando levar pela vida, ou seja, nem enfrentam a realidade com frieza e nem se refugiam em sonhos. Essas são do tipo que vai levando, deixando acontecer, sem planejamento, sem se preocupar com o que virá. Apenas, vão vivendo do jeito que a vida quer, dia após dia, um dia atrás do outro…
Se fôssemos buscar na literatura exemplos do que acabo de afirmar, diria que Maquiavel era um realista ( “o objetivo supremo do governo é perpetuar-se no poder, não importando os meios para atingir esse fim“, em O Príncipe) enquanto que Thomas Morus era um sonhador (“Os hospitais estão tão bem organizados e providos de tudo o que é necessário para o restabelecimento dos doentes, os cuidados assíduos dos médicos mais hábeis são tão carinhosos, que, não sendo ninguém obrigado a utiliza-los contra a sua vontade, não há ninguém, no entanto, que, em caso de doença, prefira não se tratar no hospital e fazê-lo em sua própria casa” , , em Utopia)
Se eu próprio tivesse que me autoavaliar, em face dessas duas vertentes da vida, diria que sou um pouco de tudo: há momentos que prefiro sonhar e me esconder num mundo de fantasia que criei só para mim; há outros momentos, inobstante, em que sinto a necessidade de ser realista, de fincar os pés no chão, de enfrentar o mundo como ele se apresenta, sem medo, sem receio de não ser feliz.
É isso.