A morte de Mandela e tudo o que lembra a sua passagem pelo mundo dos pecadores dão ensejo para que eu reafirme, desalentado, que, no Brasil, olha-se para um lado e outro, e, infelizmente, não se vê estadistas; há, sim, oportunistas, distinguindo-se, para ser justo, as raras exceções.
E alguns desses oportunistas, também lamento dizer, decerto que estarão no funeral de Nelson Mandela, sem dúvidas o último estadista do século XX.
Só para destacar o seu desprendimento e falta de apego ao poder, Nelson Mandela, todas sabem, depois de 27 anos de prisão, foi eleito presidente da África do Sul, mas não aceitou disputar a reeleição, por entender que havia necessidade de alternância do poder. Cediço que um dos muitos oportunistas brasileiros não deixaria passar em in albis a oportunidade de se perpetuar no poder, afinal é via poder que eles satisfazem os seus mesquinhos interesses.
Aqui no Brasil, e especialmente, no Maranhão, luta-se, vai-se às últimas consequências, para manutenção do poder. É dizer, aqui o poder é um fim em si mesmo. Não há idealismo. Ninguém pensa o poder para servir. Todos pensam o poder para dele se servirem. E é isso que faz a diferença entre um estadista e um politiqueiro, entre um Nelson Mandela e um desses que certamente posarão para os flashes, para a foto da posteridade, no velório de um grande homem, afinal esse é o papel do oportunista.
Não imaginem que eu faça essas reflexões com o coração impregnado de ódio; eu as faça apenas para consignar a minha percepção do mundo em que vivo, pois que da falta de idealismo dos nossos homens públicos decorrem todos os males que nos afligem, em face da omissão do Estado.
É isso.