SIMPATIA E GENTILEZA NÃO COMBINAM COM A DIFÍCIL MISSÃO DE JULGAR

contatos

jose.luiz.almeida@globo.com ou jose.luiz.almeida@folha.br

___________________________________________________

Tenho medo que as novas gerações, diante de tanta impunidade, de tanta lassidão, de tanta omissão, de tanta discriminação, cheguem à conclusão que não vale à pena agir com retidão.
No exercício da difícil missão de julgar, nós, magistrados, não precisamos ser simpáticos. Simpatia e gentileza não combinam com a difícil, quase impossível arte de julgar; o magistrado, desde meu olhar, só precisa mesmo é ser justo, firme e decidido.
_________________________________________________

Nada me agasta mais, ou melhor, poucas coisas me causam mais aborrecimento – até revolta, às vezes – que a falta de consciência de quem exerce uma função pública.

O execício da função pública não é para deleite pessoal, para desfilar vaidades, para regozijos ou patuscadas. É para servir mesmo! É assim que compreendo as coisas e é por isso que, às vezes, sou compelido a desabafar; desabafo que, não raro, é confundido com arrogância pelos que não têm a exata dimensão do que é a coisa pública.

Desde sempre tenho sido assim. Só ainda se surpreende com as minhas posições quem teima em não dar importância – ou não conhece – as minhas convicções pessoais.

Quem me conhece sabe que nunca fui de evasivas, rodeios ou subterfúgios. Nunca fui de procurar atalho, o caminho mais fácil. Não sei, definitivamente, ser sinuoso. O meu caminho é reto, frontal, proeminente.

Sou de encarar as coisas de frente. Não sou do tipo que joga pedra e esconde a mão. Isso não fica bem para um magistrado.

No exercício das minhas funções, pouco importa os que me compreendam mal, os que me julgam em face da falta que a simpatia me faz. Não sou mesmo palatável aos que não têm a exata dimensão do múnus. A minha obsinação em torno dessas questões me fazem mesmo indigerível.

No exercício da difícil missão de julgar, nós, magistrados, não precisamos ser simpáticos. Simpatia e gentileza não combinam com a difícil, quase impossível arte de julgar; o magistrado, desde meu olhar, só precisa mesmo é ser justo, firme e decidido.

Tenho entendido – e, por isso, não raro, fico indignado – que nada pode ser mais deletério para o conjunto da sociedade que a impunidade ou sensação dela, máxime se decorrentes da lassidão, da pachorra, da falta de espírito público de determinados agentes do Estado.

 

 

 

CONTINUAR

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.